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Casos de suicídio caem durante a pandemia do coronavírus

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O número de mortes por suicídio diminuiu durante a pandemia do coronavírus. De abril de 2020 a março de 2021, foram registrados 230 óbitos em Mato Grosso do Sul, uma redução de 12% se comparado aos 12 meses anteriores à disseminação do vírus, de março de 2019 a fevereiro do ano passado, quando ocorreram 262 mortes.

A gerente da rede psicossocial da Secretaria de Estado de Saúde, Michele Scarpin, afirma que especialistas atribuem a queda à mudança no cotidiano das pessoas.

“Acreditamos que, no ano passado, as pessoas ficaram mais em casa. Aquela pessoa que tinha a família junto de si pode ter sido fortalecida por ela, isso, é claro, quando a família é fator de proteção, e não de risco”, ressalta.

O diálogo, segundo Michele, é capaz de auxiliar a pessoa que está sofrendo.

“Quando a pessoa tenta suicídio, ela está sozinha, então, durante a pandemia e a necessidade da permanência em casa, ela perdeu esse momento. A conversa com a família ou com o amigo, em casos de pessoas que dividem casa, pode ter fortalecido o vínculo e ajudado a pessoa. É uma teoria, mas acreditamos que isso pode ter ajudado”, pontua Scarpin.

Nos últimos cinco anos, 2020 foi o que apresentou a menor taxa. Em março deste ano, foram registrados apenas cinco suicídios, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde. Antes, a taxa mais baixa registrada no mês de março foi em 2016, mas ainda assim os números foram altos, com 21 registros.

“No ano passado, no início da pandemia, mais precisamente em março, quando foi falado sobre a emergência da saúde, especulava-se que o número de suicídio iria aumentar no País. Na época, discutimos muito isso porque os pesquisadores disseram que isso não ia acontecer”.

A especialista enfatiza a necessidade do auxílio para aquelas pessoas que possuem algum tipo de transtorno, como a depressão, e que o acompanhamento profissional é fundamental e indispensável.

“Na realidade, o suicídio é multifatorial. O suicídio não está ligado apenas a fatores mentais, mas também a sociais e familiares”, frisa.

Religião

Para manterem as portas das igrejas abertas, líderes religiosos citaram o suposto aumento no número de suicídio como argumento, apontando a igreja como um local de suporte emocional e espiritual. De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Pastores de Mato Grosso do Sul, Wilton Acosta, uma pesquisa aponta um crescimento neste índice.

“Eu não tenho os dados, mas foi lançada uma pesquisa pontuando a solidão como um problema sério, e aí também a questão do aumento de suicídio, que não é muito divulgado essa questão porque tem toda uma norma ética”, acredita.

Porém, os números oficiais indicam o contrário.

“A religião ajuda, e a utilizamos como ferramenta, mas focamos no tratamento, e não no sentido de religião em si, mas, sim, de espiritualidade, que é um fator positivo para o tratamento, usamos para reforçar o tratamento profissional. Mas utilizar isso como argumento [aumento no número de suicídio] para continuar aberto, na minha visão, não faz sentido, até porque vimos uma queda nesse número”, ressalta Michele.

Na Capital, as igrejas foram acrescentadas na lista de atividades essenciais, que de acordo com a Constituição Federal são aquelas atividades inadiáveis da comunidade, como assistência médica e hospitalar, serviços funerários e distribuição, comercialização de medicamentos e alimentos.

Na Lei Nº 7.783, de 28 de junho de 1989, não consta então o funcionamento da igreja como atividade essencial. Contudo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, adicionou os templos a este grupo.

A medida do presidente também foi embasada no argumento do aumento no número de suicídio, não constatado pelos órgãos públicos, durante visita ao município de Chapecó-SC, quando ainda esperava a aprovação do Supremo Tribunal Federal, para manter as igrejas abertas

“Espero que ao STF julgar liminar de Kassio Nunes [Marques], que a liminar seja mantida ou que alguém peça vista para discutir mais”, disse Bolsonaro. “Qual é o último local que uma pessoa procura antes de cometer um suicídio? A igreja. Quem não é cristão, que não vá”, completou, ao discursar em Chapecó, em abril deste ano.

Auxílio

Pessoas que precisam de auxílio e pensam com frequência em suicídio podem buscar atendimento nas Unidades de Saúde de Campo Grande, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPs), mais próximo ou por meio do Centro de Valorização da Vida (CVV), ligando para o número 188.

 

 

Fonte:CE

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