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Brasil selvagem

Refúgio Ecológico Caiman, nos apresenta uma das mais plurais faunas e a floras do mundo

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Majestosas onças-pintadas, araras-azuis, veados campeiros e lobos-guará. Ver animais como esses a poucos metros de distância, no meu próprio País, me parecia algo incrível – e mais exótico do que atravessar o Atlântico e apreciar elefantes como fazem a maioria dos brasileiros. Nossa fauna e flora são inacreditáveis, mas, ainda assim, menos conhecidas por nós do que as que encontramos em países como África do Sul. E isso precisava mudar, ao menos para mim. Algo no cerne da experiência entre os safaris internacionais e as rotas do Refúgio Ecológico Caiman, sediado em Miranda, no estado do Mato Grosso do Sul, parece o mesmo: só é possível amar e cuidar de um lugar quando você de fato o conhece.

A ideia de imersão na natureza da Caiman vem sendo desenvolvida no Pantanal há mais de 35 anos, desde que o ambientalista paulistano Roberto Klabin transformou um segmento de 53 mil hectares da antiga fazenda da família – a Miranda Estância, fundada em 1912 – em um espaço dedicado às atividades principais de seu ciclo sustentável: pecuária, ecoturismo e geração de conhecimento. Pioneira nesse modelo de turismo no Brasil, a Caiman também inovou na composição de suas equipes de guias especializados, que incluem naturalistas de formações distintas e guias de campo, com nativos e moradores locais capacitados para atividades na natureza.

São eles que através de seus conhecimentos nos conduzem a mergulhar na cultura pantaneira por meio de inúmeras vivências. Em uma dessas ocasiões, acompanhei de perto centenas de cabeças de gado sendo manejadas de uma invernada a outra por vaqueiros pantaneiros ao som do berrante. Durante o trajeto, tímidos raios de sol misturavam-se com a poeira do chão batido, enquanto araras-azuis vocalizavam e cruzavam o céu freneticamente como se quisessem cumprimentar a todos.    

Por lá, o tempo corre manso, mas sempre com novidades. Uma delas é que a partir de junho deste ano o complexo será ampliado com o lançamento da Casa Caiman, que terá 18 suítes maiores, restaurante, bar, academia, piscina, sala de leitura, espaço para observação de aves e circuito para caminhadas. Ainda que a pandemia da Covid-19 tenha diminuído o ritmo das viagens em escala global, a serem retomadas com cautela e consciência a partir da vacinação, o Pantanal continua reconhecido como um dos melhores destinos para a observação de fauna.

De árvore em árvore, a Caiman se recupera das queimadas que alcançaram a propriedade no segundo semestre de 2020, atingindo cerca de 60% do local. Em uma constatação bastante otimista viu-se que mesmo as palmeiras, que são a base da alimentação das araras-azuis, voltaram a dar frutos após alguns meses. A notícia, sem dúvida, encheu de esperança os profissionais do Instituto Arara Azul, que estudam a conservação da espécie. Uma das atividades oferecidas é a possibilidade de participar do dia a dia em campo com a equipe do projeto para o monitoramento dos ninhos.

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Refúgio Caiman, no Pantanal Foto: Divulgação/Refúgio Caiman

Outra concorrida programação é andar a bordo dos carros adaptados para o registro fotográfico das onças-pintadas. Graças ao empenho da organização idealizada pelo ex-piloto de fórmula 1, o paulistano Mario Haberfeld, o Onçafari oferece as condições necessárias para o encontro com os animais em seu habitat, garantindo também a proteção deles através do monitoramento feito por rádio colares. Desde 2011, quando o projeto cravou a primeira pegada no chão, aconteceram cerca de 3.400 avistamentos identificados pelos turistas.

Prestes a partir, embevecida pelo horizonte manchado de vermelho, me despedi do dia remando em uma canoa canadense. Chegando na beira do rio, um tamanduá bandeira me aguardava, confesso, mais preocupado com suas formigas do que com a minha visita. Com mais de 151 mil quilômetros quadrados, a porção brasileira do Pantanal é um território com muitas histórias a serem descobertas. As que sabemos até aqui têm garantido jornadas poderosas. Vale a pena lançar-se em cada uma delas.

Fonte: por Pimpa Brauen

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