O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, colocou o Paraguai no topo da lista dos países que devem cooperar internacionalmente no movimento de vacinas.
O chanceler disse que o Paraguai será a prioridade número um do Brasil. A afirmação foi feita nessa quarta-feira (17), no Palácio do Itamaraty, após o primeiro encontro presencial entre Araújo e o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Euclides Acevedo.
Depois da reunião, os ministros se encontraram com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
Em seu discurso no Ministério das Relações Exteriores, o chanceler paraguaio agradeceu pela solidariedade do Brasil na pandemia e disse que a situação do Paraguai, que recebeu poucas vacinas até o momento, é conhecida. No ano passado, o Brasil doou 50 mil testes “RT-PCR” para detecção da Covid-19.
O ministro disse que o Brasil é uma potência econômica, científica e tecnológica, e que os países pretendem trabalhar em conjunto para que todos tenham acesso às vacinas.
“Uma maneira de alcançar a todos é ter acesso à informação. Nesse sentido, vamos cooperar dentro das nossas possibilidades em que isso seja possível”, disse.
O Paraguai, que adotou medidas restritivas no início da pandemia e chegou a ser um dos países com menor incidência de Covid-19 na América do Sul, vive o pior momento da crise sanitária.
O país já registrou 181.414 casos e 3.517 mortes pela doença, de acordo com o Ministério da Saúde paraguaio. Os leitos de UTI chegaram a 97% de ocupação.
Além disso, o governo tem tido dificuldade em obter vacinas contra o novo coronavírus.No último domingo (14), o governo paraguaio assinou um decreto presidencial, determinando novas restrições, para evitar o colapso total do sistema de saúde.
As atividades de trabalho foram reduzidas ao mínimo necessário, tanto para o setor público, quanto para o particular. A partir de quinta-feira (18), estará proibida a circulação entre 20:00 h e 05:00 h, em 24 cidades inclusive a capital Assunção.
As aulas presenciais serão suspensas nas regiões mais graves. O aumento no número de casos e mortes tem formado uma crise política no país. No início do mês, o então ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, renunciou, após uma série de denúncias de familiares de pacientes em UTIs, por Covid-19, que afirmaram que o Estado não fornecia remédios.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, é alvo de protestos por má gestão da pandemia. Partidos de oposição chegaram articular um pedido de impeachment.
Itaipu
Essa não é a primeira ameaça de impeachment ao presidente paraguaio. Em 2019, Mario Abdo Benítez foi acusado de traição pela oposição, por ter supostamente omitindo informações relacionadas a um acordo de compra de energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que desfavoreceria o Paraguai.
Após a pressão, o ato foi revogado. Em 2023, a dívida da usina estará totalmente quitada e o anexo C do Tratado de Itaipu, a respeito das bases financeiras e da prestação dos serviços de eletricidade, passará por uma revisão.
O documento estabelece que cada país terá direito a metade da energia gerada pela usina, mas deve vender ao outro parceiro, a parte que não for utilizada. A análise do anexo foi tema das conversas entre Ernesto Araújo e Euclides Acevedo.O chanceler brasileiro disse que o diálogo deve ser iniciado “no mais breve prazo”, mas não especificou uma data.
“Estamos prontos para começar as discussões (…) tão logo as circunstâncias da pandemia minimamente o permitam”, disse.
Para o ministro paraguaio, a edição do texto não pode ser somente uma discussão jurídica e administrativa, mas um recurso natural que respeite o meio ambiente, a cultura e, sobretudo, os direitos igualitários dos países.
“Após a pandemia, vamos ir iniciando nossas conversações para a revisão, a renegociação e a utilização de Itaipu para o desenvolvimento de outras obras na região, obras hidrelétricas, abordar a hidrovia, o corredor bioceânico, para que a integração não seja uma formulação teórica, mas uma realidade prática, economicamente previsível, politicamente estupenda e diplomaticamente fascinante”, disse.
Infraestrutura
O corredor bioceânico, a que o chanceler se refere, é um projeto que pretende ligar, por terra, os oceanos Atlântico e Pacífico, passando pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
De acordo com o ministro brasileiro, a construção e pavimentação do trecho paraguaio vem evoluindo.
O progresso da obra está ligado a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai, que segue em processo de licitação.
Fonte: CNNBrasil