O secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, disse ao Jornal Midiamax acreditar que a variante do coronavírus já está circulando em Mato Grosso do Sul. “Acredito que já esteja circulando. Estamos só aguardando os resultados [das análises em laboratório]”, informou.
Conforme Resende, a chegada da variante P.1 do coronavírus – que teve origem no Amazonas, que tem transmissão mais rápida, é motivo de preocupação. “Entendemos que precisam ser tomadas medidas que possam levar, de fato, a diminuição [de casos], durante pelo menos 3 semanas”, explicou.
Várias amostras de casos suspeitos da nova variante do coronavírus estão em análise em laboratórios de referência no país. Mas com as primeiras análises e o fato de que três estados vizinhos a MS já confirmaram a presença da nova cepa, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) já trabalha com o cenário em que a variante do vírus já circula no Estado.
Restrições necessárias
O secretário cobrou dos municípios o cumprimento das medidas propostas pelo programa Proseguir, que classifica as cidades por bandeira, conforme o risco de contaminação para a doença.
“Se estiverem seguindo [o Prosseguir] é uma contribuição muito forte para evitar o colapso. Já os municípios que não seguem, estão expondo a população em risco”, pontuou.
Para Resende, as cidades que não seguem a recomendação do programa Proseguir, estarão contribuindo para o colapso na saúde. “Os municípios que estão com bandeiramento [alto grau de contaminação] devem restringir muitas das atividades chamadas não essenciais. Precisam fazer isso sob pena de não termos leito para ninguém”, disse.
Já está em análise a possibilidade de MS adotar medidas mais incisivas para barrar aglomerações e circulação de pessoas. “Temos em vista várias ações que podem ser feitas com nosso aparato de segurança”, declarou.
Saúde à beira do colapso
O boletim da Covid-19 de domingo mostrou que a ocupação global de leitos UTI (Unidades de Terapia Intensiva) chegou a 89% em MS, sendo que na macrorregião de Dourados o índice estava em 96%.
Assim, em Campo Grande, a ocupação de leitos UTI marcou 88%. Já nas regiões de Três Lagoas e Corumbá a situação é um pouco menos crítica, com ocupação de 76% e 74%, respectivamente.
“Estamos muito preocupados. Na maioria dos estados, a ocupação está acima de 85% e em alguns está chegando a 100% da ocupação de leitos, não só público, mas privados”, lamentou.
Por fim, Resende citou o caso do Hospital Albert Einsten, em São Paulo, que no domingo não tinha mais vagas em UTIs. “O hospital mais requisitado do país pelos mais abastados estava com fila de 29 pessoas aguardando uma vaga”, comentou.
O que se sabe sobre a variante do coronavírus?
Um estudo de epidemiologia genômica feito por cientistas brasileiros revela que pacientes infectados com a nova variante P.1, de origem no Amazonas, têm uma carga viral 10 vezes maior em secreções colhidas por amostras RT-PCR do que a média vista em cepas anteriores. Além disso, essa carga está também mais alta em homens e mulheres adultos com idade inferior a 60 anos.
Então, o estudo confirma que as mutações do vírus na variante P.1 devem estar associadas a uma maior transmissão. Logo, podem ser responsáveis por infecções mais graves. Isso ajuda a entender a explosão de casos no Amazonas entre janeiro e fevereiro, levando a mais mortes de covid-19 este ano que em 2020 inteiro.
No Brasil, essa nova variante já foi encontrada em ao menos 10 estados, mas suspeita-se que ela esteja presente em todos (visto que há poucos sequenciamentos feitos no país para comprovar a linhagem do vírus).
Fonte: MM