Três cientistas das universidades de Princeton e Drexel, ambas dos Estados Unidos, desenvolveram um novo método de representação do planeta Terra em uma imagem plana. A projeção, batizada de Double-Sided Gott, envolve a impressão do mapa como um círculo de dupla face na qual há a divisão de um globo em dois e a indicação separada dos hemisférios.
Ainda que modelos 3D ofereçam uma maneira mais precisa de se ilustrar o nosso lar no espaço sideral, existem diversos jeitos de torná-lo 2D. Entretanto, nenhum deles é perfeito, pois todos distorcem algum aspecto ou mais, a exemplo do Mercator, utilizado pelo Google Maps em regiões locais, e do Winkel Tripel, encontrado em mapas mundiais da National Geographic. Mesmo o segundo, explicam os especialistas, divide o Oceano Pacífico em dois.
![Modelo é um dos menos distorcidos entre os propostos até então.](https://img.ibxk.com.br/2021/02/18/18172225354271.webp?w=328)
Para conquistarem os resultados expressivos divulgados, J. Richard Gott, professor emérito de astrofísica, e David Goldberg, professor de física, se basearam em um sistema de pontuação criado por eles em 2007, capaz de determinar a acurácia de mapas planos. Quanto mais próximo de zero estiver um modelo, mais fiel será à realidade.
Considerando-se os seis tipos de distorções que os exemplares podem apresentar (formas locais, áreas, distâncias, flexão ou curvatura, assimetria e cortes de limite ou lacunas de continuidade), enquanto o Mercator chega a 8,296 e o Winkel Tripel marca 4,563, o Double-Sided Gott, sugerido pelos dois junto a Robert Vanderbei, professor de pesquisa operacional e engenharia financeira, atingiu a taxa impressionante de 0,881.
“Acreditamos que seja o mapa plano mais preciso da Terra até o momento”, defende a equipe.
![Mercator é utilizado, também, no Google Maps.](https://img.ibxk.com.br/2021/02/18/18172427632279.jpg?w=328)
Funcional e assertivo
Uma das grandes vantagens da proposta é que ela rompe com os limites das duas dimensões sem perda alguma de conveniências logísticas comuns a um mapa plano (armazenamento e fabricação, por exemplo).
“É possível segurá-lo na mão”, ressalta Gott, complementando que uma simples caixa fina poderia conter mapas de todos os principais planetas e luas do Sistema Solar – assim como ilustrações que carregassem dados físicos e a respeito de fronteiras políticas, densidades populacionais, climas ou idiomas, assim como outras informações desejadas.
Aliás, a novidade também pode ser impressa em uma única página de uma revista, afirmam os cientistas, pronta para o leitor recortar. Os três imaginam seus mapas em papelão ou plástico e, em seguida, empilhados como registros, armazenados juntos em uma caixa ou guardados dentro das capas de livros didáticos.
![Winkel Tripel foi superado pela novidade.](https://img.ibxk.com.br/2021/02/18/18172533958280.jpg?w=328)
“Nosso mapa é na verdade mais parecido com o globo do que outros mapas planos”, destaca Gott. “Para ver todo o globo, você precisa girá-lo; para ver todo o nosso novo mapa, basta virá-lo. Se você for uma formiga, pode ir de um lado desse ‘disco fonográfico’ para o outro. Temos continuidade ao longo do Equador. A África e a América do Sul estão dobradas na borda, como um lençol sobre um varal, mas são contínuas”, detalha.
“Não se pode tornar tudo perfeito. Um mapa que é bom em uma coisa pode não ser em representar outras”, pondera o pesquisador, que, de todo modo, não deixa de comemorar: “Estamos propondo um tipo de mapa radicalmente diferente e vencemos Winkel Tripel em cada um dos seis erros.”
Fonte:TecMundo