Natureza de tirar o fôlego e uma pessoa só: fotos elaboradas para as redes sociais em cenários onde a paisagem brasileira é exuberante tornaram-se comuns, principalmente no período de pandemia em que viagens internacionais foram restringidas e festas, eventos e outras situações que ofereçam risco de aglomeração foram canceladas. Cidades turísticas como Bonito recebem um número controlado de turistas e na ausência de abraços e selfies com amigos, as belezas naturais são a principal atração dessas imagens.
Bonito e cidades próximas no sudoeste de Mato Grosso do Sul compõem uma região conhecida mundialmente pelos rios de águas cristalinas e cachoeiras. Turistas que se aventuram nos passeios com restrição de participantes (40% da capacidade, assim como hotéis e pousadas de acordo com a Secretaria de Turismo) conseguem produzir nos rios com visibilidade de quase 100% debaixo d’água imagens impressionantes.
O jovem digital influencer Felipe Caran, que já fez fotos em diversos pontos turísticos da região, também foi para o “fundo'” do rio da Prata. A imagem produzida por celular mostra o jovem fazendo yoga. A foto postada em sua rede social na última terça-feira (12), que traz como legenda “onde encontro minha paz”, rendeu centenas de curtidas.
Apesar de feitas por celular, a beleza da paisagem confere aos cliques um tom profissional. Quedas d’água, entre os peixes, até simular a descida de uma escadaria submersa vale – e impressiona.
Há também vídeos produzidos de mergulhos em lagoas e cavernas submersas que viralizaram nas redes sociais como o do jovem mergulhador Iago Bernardo, que no fundo da Lagoa Misteriosa, cria bolhas de água e passa por dentro delas.
O fotógrafo que trabalha como guia de turismo na região de Jardim, Maycon Portilho, contou que teve um aumento de cerca de 50 % durante a pandemia de pessoas que querem fazer produção de fotos mais elaboradas para as redes sociais.
Conforme Portilho, no período em que muitos evitaram aglomerações, a procura de turistas e influencers para a produção de imagens, e todas, feitas com celulares, foi grande.
“A nossa pegada aqui não é utilizar grandes equipamentos, mas celulares das próprias pessoas. Meu trabalho é mostrar os melhores ângulos e com calma, fazer fotos bem elaboradas”, explicou ao G1.
Ainda de acordo com Portilho, muitas pessoas que decidiram não viajar mais para o exterior por conta das fronteiras fechadas, preferiram ir para Bonito e cidades próximas justamente pela redução da quantidade de pessoas nos passeios o que permite até mesmo mais espaço para as fotos, o que poderia ser mais difícil de conseguir se o número de turistas fosse normal.
O secretario de governo de Bonito, Jary Souza Neto Filho informou que a capacidade permitida de público é de 50% para as propriedades que oferecem serviço de turismo e que apesar das restrições, a cidade continua sendo um destino procurado justamente pelo contato direto com a natureza. São mais de 40 passeios oferecidos na cidade com mergulho, trilhas e outras atividades ao ar livre. Além do número reduzido de pessoas medidas como distanciamento, uso de máscara e álcool em gel estão em vigor: “A máscara só pode ser retirada para as fotos e a distância respeitada”.
No feriado do carnaval os passeios em Bonito, algumas empresas de turismo do município suspenderam quatro passeios após as fortes chuvas que castigaram a cidade nos últimos dias. De acordo com a administração municipal, choveu entre 90 e 100 milímetros entre esta segunda (15) e terça-feira (16).
O volume intenso de água encobriu decks usados por turistas para observação de rios e acabou forçando as empresas a suspenderem passeios no Parque das Cachoeiras, no Porto da Ilha, Balneário do Sol, Ilha Bonita e Bosque das Águas. Segundo a secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito, Juliane Ferreira Salvadori, a suspensão se deu por conta das dificuldade de acesso aos lugares e pela falta de segurança dos turistas para visitarem os atrativos.
Fonte:G1MS