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Benetton B191 deu última vitória a Piquet e primeiros pódios a Schumacher

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A seção Máquinas Eternas está de volta ao F1 Memória com um carro que, se venceu apenas uma corrida em sua trajetória, foi marcante por iniciar um processo que resultaria na fase áurea da equipe Benetton: o modelo B191, da temporada de 1991, foi o utilizado por Nelson Piquet em seu último triunfo na F1 e também o carro que deu a Michael Schumacher seus primeiros pontos e pódios na categoria. Com suas evoluções nos anos seguintes, a equipe alcançou o bicampeonato, em 1994 e 1995, com o alemão.

Depois do ótimo desempenho de 1990, com um terceiro lugar no Mundial de Construtores e a terceira posição de Piquet no campeonato de pilotos, a Benetton chegou a 1991 com esperanças. A equipe apostava as fichas em mais um projeto de John Barnard. Mas havia duas questões: será que o chassis seria capaz de compensar a potência mais baixa do motor Ford V8 em relação às unidades de Honda, Renault e Ferrari? E como se comportariam os pneus Pirelli no duelo com os Goodyear de outros times?

Coincidentemente, as cores da Benetton em 1991 eram as da bandeira do Brasil, e com os brasileiros Nelson Piquet e Roberto Pupo Moreno ao volante. Ainda com o B190, versão B, Piquet emplacou um terceiro lugar na prova de abertura, nos Estados Unidos, e um quinto no GP do Brasil, enquanto Moreno perdeu um potencial quarto lugar em Phoenix numa batida em que não teve culpa e foi o sétimo em Interlagos. Após um atraso razoável na entrega do carro, o B191 estreou na terceira prova do ano, o GP de San Marino. E de cara, a surpresa: o carro tinha o “bico tubarão” no estilo com o qual a Tyrrell inovou em 1990.

O carro era indiscutivelmente melhor do que o seu antecessor, mas não foi um salto gigantesco como a Benetton esperava. No entanto, os pneus Pirelli, apesar de serem competitivos em circunstâncias especiais, eram inferiores aos Goodyear, e sem dúvida foi um handicap negativo para a Benetton.

Na estreia do B191, em Imola, Piquet rodou no começo, mas Moreno era um sólido terceiro colocado quando o câmbio quebrou. Em Mônaco, Piquet alcançou um ótimo quarto lugar no grid, mas foi acertado por Gerhard Berger (McLaren), e Moreno marcou seus primeiros três pontos em quarto.

Estava claro que a Benetton não fazia frente a McLaren, Williams e Ferrari, mas o carro permitia a seus pilotos pontuarem com certa regularidade. No quinto GP de 1991, no Canadá, Piquet subiu para segundo com as quebras de Ayrton Senna (McLaren), Alain Prost (Ferrari) e Jean Alesi (Ferrari). Já seria o melhor resultado da Benetton com o B191, mas na última volta o líder Nigel Mansell (Williams) tirou tanto o pé e fez tanta gracinha para a torcida, que o alternador entrou em pane pelo baixo giro do motor. Piquet, que estava mais de 50 segundos atrás, venceu pela última vez na F1.

Com cinco provas no campeonato, Piquet era o vice-líder da tabela, com 16 pontos, contra 40 do líder Senna. Mas era uma posição ilusória, já que o B191, embora com qualidades, não teria fôlego para toda uma temporada em alto nível. Para piorar, John Barnard deixou a Benetton após divergências com (sempre ele!) o chefe Flavio Briatore. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do carro deixou a desejar, e o investimento também não foi o esperado, sobretudo por Piquet.

Para piorar o ambiente na equipe, houve o lamentável episódio envolvendo Moreno. Depois de uma boa corrida do B191 na Bélgica, onde Piquet foi o terceiro e Roberto, o quarto, com a volta mais rápida da prova, Pupo foi sumariamente dispensado da equipe por Briatore sob a alegação de incapacidade física. Na verdade, já havia sido oferecido ao dirigente um jovem alemão de 22 anos chamado Michael Schumacher, que havia feito excelente fim de semana de estreia pela Jordan.

Fato é que Schumacher mostrou ótimo desempenho em suas primeiras corridas pela Benetton, com um quinto lugar em Monza e dois sextos, no Estoril e em Barcelona, onde Schumi chegou a brigar com Senna e Mansell pelo segundo lugar na pista úmida. Piquet também somou um sexto lugar na Itália e um quinto em Portugal, além de um quarto na Austrália debaixo de um temporal que interrompeu a prova com apenas 14 voltas válidas – esta foi a última corrida de Piquet na F1.

Terminado o campeonato de 1991, a Benetton somou 38,5 pontos contra 71 do ano anterior. Isso significa que o B191 tenha sido um fracasso? Não necessariamente. Numa batalha técnica titânica, a poderosa McLaren-Honda conquistou seu quarto título consecutivo depois de uma pressão fortíssima da Williams-Renault, que se consolidava como a combinação mais promissora da década – o que acabaria se comprovando. E a Ferrari tinha muito mais dinheiro do que a Benetton e um motor forte de 12 cilindros. Fato é que o motor Ford e, sobretudo, os pneus Pirelli não correspondiam.

Tanto o B191 era uma boa plataforma, que o carro foi usado nas três primeiras corridas de 1992 numa versão B, melhorada. Só que os pneus passaram a ser Goodyear, já que a Pirelli deixara a F1. Resultado, nas três primeiras corridas da temporada, mesmo com o carro velho, Schumacher foi quarto na África do Sul e terceiro no México e Brasil.

Antes de ir embora da Benetton, Barnard começou o projeto do B192, com um bico ainda mais alto do que o anterior. Com o novo carro, Schumacher venceu sua primeira corrida na F1, na Bélgica, e foi um brilhante terceiro colocado no campeonato. Em 1993, Schumi venceu mais uma corrida, em Portugal, e, em 1994, com um carro ainda mais competitivo,, o B194, sagrou-se campeão, feito que repetiria em 1995.

Não é exagero afirmar que, apesar dos pesares, o modelo B191 é um dos mais importantes da história da equipe Benetton, que deixou a Fórmula 1 dez anos depois, no fim de 2001.

 

 

 

 

 

Fonte:Ge

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