Na oportunidade foram discutidos os gargalos do setor, o programa governamental de incentivo e a necessidade de sua atualização, e apresentado ao grupo o novo Secretário Executivo da Câmara, o médico veterinário Marcio Henrique Boza, recém empossado como Gestor de Ovinocaprinocultura na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar – SEMAGRO, e que já trabalha num minucioso levantamento de dados do setor para sua total interação e melhor aproveitamento do encontro.
Considerando seu especial interesse na Ovinocaprinocultura desde a sua formação universitária, os trabalhos que realizou no Estado de Santa Catarina, no Sindicato Rural de Chapecó e em seguida no Sebrae daquele Estado, foram nas áreas de análise de gestão e ainda como instrutor e consultor daquele órgão por 11 anos – atendendo micro e pequenas empresas ligadas ao agro. Marcio assumiu o cargo na Secretaria, na pasta comandada pelo Superintendente Rogério Beretta e coordenada por Marivaldo Miranda, dois incentivadores do desenvolvimento da ovinocaprinocultura no Estado, com a missão de trazer maior dinamismo para as atividades voltadas para o setor.
Para Beretta, a chegada de Marcio oxigena as ideias, traz nova dinâmica para busca de soluções para as demandas da Ovinocaprinocultura de Mato Grosso do Sul, que tem 3 polos de produção: Central, Sul fronteira e Nordeste.
Marivaldo acredita que a evolução conquistada até aqui através das ações da Câmara, em especial com a instalação da PDOA (Propriedade de descanso de ovinos para abate), iniciativa que resultou na transformação na maneira de comercializar ovinos no Estado, deixa claro o potencial de crescimento da atividade.
No levantamento apresentado pelo Coordenador da Câmara Setorial, Fernando Reis, é possível observar que o rebanho se mantém na média de 430 mil cabeças, segundo o IBGE, com dado mais atual publicado pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal – IAGRO registrando 409 mil animais em todo Estado.
Os abates que vinham num crescente tiveram, devido a pandemia em 2020, uma desaceleração, ficando em 5.078 animais.
Em 2019 foram abatidos a maior quantidade de animais dos últimos cinco anos: 6.200 animais. Nos anos anteriores foram 5.151 (2018), 2.119 (2017) e 1.460 (2016).
Segundo Fernando, existem pontos favoráveis que dão perspectivas de um cenário bastante promissor. “Podemos apontar como o principal deles a profissionalização do setor, que tem aporte bem interessante da Semagro com os programas PROAPE Ovinos que concede incentivo fiscal à produção e a própria PDOA, que possibilita o embarque coletivo, que incentiva a produção e reduz custos”, completou.
O pesquisador destaca ainda que, outro ponto que converge o setor para a profissionalização, é a assistência técnica. Nesse sentido ele destaca o trabalho que vem sendo realizado pelos parceiros, em especial o programa ATeG – Ovinocultura, da Famasul/Senar-MS. “O programa que vinha numa crescente adesão foi impactado pela pandemia por seu viés de execução presencial, mas tem tudo para ser retomado com ampliação da procura e do número de produtores atendidos”.
Conforme explica Fernando, a formalização da atividade está diretamente ligada a este trabalho do Senar e a tendência é de um crescimento considerável para os próximos anos.
Na onda da expansão do setor, a demanda que permeia é a necessidade de que sejam viabilizadas outras plantas frigorificas em núcleos e regiões estratégicas do Estado. Hoje existem duas plantas abatendo apenas na capital.
Na perspectiva da Câmara Setorial é preciso trabalhar para evitar o envio de animais vivos para fora do Estado. O abate interno gera receita para o Estado e pode manter e ampliar os postos de trabalho.
“Em resumo, o apoio governamental e a assistência técnica especializada serão fundamentais para alavancar a Ovinocaprinocultura no Mato Grosso do Sul nos próximos anos e nós trabalharemos para que isso aconteça através das ações da Câmara Setorial”. Finalizou Fernando.
PDOA
Criado por profissionais Sul-mato-grossenses com o propósito de solucionar um dos maiores entraves à ovinocultura na região – a comercialização – a PDOA revolucionou o comércio de animais para abate no Estado. Reflexo de sua eficiência são os estudos realizados pelo próprio Ministério da Agricultura com vistas a torná-lo modelo para todo País.
No local definido como PDOA, são recebidos animais vindos de diversas propriedades. Ali eles são identificados, apartados em lotes e embarcados juntos para o frigorifico que paga preço único, considerando o peso total entregue por cada produtor. O modelo, que traz ganhos reais para criadores e compradores de ovinos, foi responsável por um crescimento considerável da produção em Mato Grosso do Sul, desde sua implantação.
Outro aspecto favorável é que a PDOA, inicialmente criada para atender a questões externas à propriedade rural, também tem possibilitado um trabalho de melhoria na criação “dentro da porteira” e a conscientização por adoção e uso de tecnologias.
Desde 2013 a PDOA funciona na Fazenda Nossa Senhora Auxiliadora, em Campo Grande (MS), sob a coordenação da médica veterinária Ana Cristina Andrade Bezerra.
Câmara Setorial
A Câmara Setorial Consultiva da Ovinocaprinocultura é gerida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e tem como parceiros: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Senar/MS, Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Ovinos (Asmaco), Embrapa e Universidades. Além disso conta com o apoio da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).
Kelly Ventorim, Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)
Fonte: Semagro