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Governo de SP anuncia pacote de ajuda ao comércio

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O governador João Doria (PSDB) anunciou em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes durante a tarde desta quarta-feira, 3, a suspensão do fechamento de bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais aos fins de semana nas 11 regiões classificadas na fase laranja do Plano São Paulo. Entre segunda e sexta-feira, o funcionamento continua restrito das 6h às 20h. De acordo com ele, a decisão foi tomada pelo Centro de Contingência da Covid-19 após uma queda de 11% nas internações por covid-19 nos leitos públicos e privados.

As 11 regiões que estão na fase laranja e cujo funcionamento aos fins de semana foi liberado são a Grande São Paulo, Araçatuba, Araraquara, Baixada Santista, Campinas, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Sorocaba.

Doria anunciou ainda um novo pacote de apoio aos setores de comércio, turismo e serviços, com um aporte de R$ 125 milhões em crédito pelo Banco do Povo e pelo Banco Desenvolve SP, além da suspensão de dívidas e parcelamento de contas, sem multas ou juros, por até 12 meses. Os empréstimos serão concedidos “a juros baixos” e “com velocidade sem burocracia” para valores expressivos, de acordo com o governador. O corte no fornecimento de gás e água para todos os estabelecimentos comerciais também foi suspenso até 30 de março.

De acordo com Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, a Procuradoria-Geral do Estado também suspenderá por 90 dias o protesto de débitos inscritos na dívida ativa de São Paulo, o que passa a vigorar a partir desta quinta-feira, 4.

A previsão inicial era de que as medidas restritivas, anunciadas em 25 de janeiro, se estendessem pelo menos até a próxima segunda-feira, 8. Mas no início desta semana, Doria afirmou que os índices de internações pela covid-19 diminuíram no Estado e que, se permanecessem com tendência de queda, suspenderia as restrições.

Naquele mesmo dia, donos e funcionários de bares e restaurantes lotaram as principais vias da capital paulista e do interior de São Paulo com protestos pela reabertura do setor, ao mesmo tempo em que pediram mais auxílio do governo para contornarem a crise. Reportagem do Estadão mostrou que, no último fim de semana, comerciantes burlaram a restrição de funcionamento imposta pela administração de Doria e abriram as portas, mesmo sob o risco de multa e cassação do alvará.

Logo após o governador anunciar as medidas, Percival Maricato, presidente do conselho estadual da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP), afirmou que a ajuda era “muito pouca”, porque “as restrições continuam imensas”. “Ele abriu fim de semana, mas continuamos tendo que fechar o estabelecimento às 20h.  Então, a noite continua como se não funcionasse. É uma gota d’água no oceano”, declarou ao Estadão.

Maricato também é crítico ao valor de R$ 125 milhões anunciado. “Imagine um Estado com mais de 200 mil estabelecimentos. Isso dá muito pouco para cada, mas é um respiro e esperamos que ele altere a conduta.”

Para Rodrigo Goulart, dono do restaurante Consulado da Bahia, em Pinheiros, e diretor na Abrasel, há ainda outro problema com o valor destinado aos empréstimos. “Precisamos de um acesso melhor a isso que foi anunciado, porque já teve uma outra medida como essa e praticamente ninguém do setor conseguiu acessar. Quem precisa, está [com o nome] negativado”, afirma.

Ele também espera que a restrição de funcionamento até as 20h seja revisada até a próxima sexta-feira, 5, quando houver nova reclassificação do Plano São Paulo. A expectativa é que o setor possa abrir até as 22h, pelo menos. “Assim, a gente oxigena o setor. Metade do nosso faturamento vai embora se não conseguimos servir o jantar. Tudo é à base do diálogo, mas temos tentado dialogar há muito tempo e só uma pequena parte dos pedidos foi atendida.”

Vacinação

Durante a coletiva, foi anunciada também a criação de cinco postos de vacinação para idosos acima dos 90 anos na capital paulista, em esquema de drive-thru. Os pontos serão na praça Charles Miller, no Pacaembu; em frente à entrada da Arena Corinthians; no Autódromo de Interlagos; no pavilhão de exposições do Anhembi; e na Igreja Boas Novas, na Vila Prudente. O funcionamento começa já na próxima segunda-feira, 8, e as vacinas também estarão disponíveis nas 468 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital. Idosos acima dos 85 anos estarão aptos a receberem o imunizante nos mesmos postos, a partir do próximo dia 15.

Para a população que já recebeu a primeira dose de vacinação, a segunda aplicação em São Paulo está marcada para começar a partir do próximo dia 14. De acordo com Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, o Estado ainda aguarda a aquisição de novas vacinas pelo governo federal para aumentar o escopo de idosos vacinados gradativamente. Ele afirmou que, com base na população de profissionais da saúde, quilombolas, indígenas e idosos acima dos 60 anos, seriam necessárias 70 milhões de vacinas. “É possível que aconteça até o meio do ano, mas é preciso um grande esforço para cobrir essa população”, disse.

A primeira remessa de insumos para a produção de 8,6 milhões de doses da Coronavac chega nesta noite em São Paulo e começará a ser distribuída ao governo federal a partir do próximo dia 23. A estimativa é que o Butantan consiga produzir diariamente 600 mil doses. Covas ainda não descartou que, caso seja necessário, o Estado passe a utilizar outras vacinas em seu plano de imunizações.

De acordo com o governador, já foram distribuídas 17,3 milhões de doses da Coronavac ao País, o que seria o equivalente a 90% das vacinas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde até o momento. Na coletiva, Doria voltou a cobrar mais comprometimento do governo federal e do ministro Eduardo Pazuello na ajuda aos Estados e afirmou que tenta, desde o último dia 26, aporte para a compra de 15 milhões de seringas e agulhas a serem incorporadas no plano estadual de imunização.

“Precisamos que todos os Estados sejam olhados com dignidade”, pediu o secretário da Saúde do Estado Jean Gorinchteyn. “Esperamos que o governo federal não vire as costas para os brasileiros de São Paulo.”

Doria disse ainda estar em contato com outros governadores e que nenhum deles tem recebido apoio do governo federal tanto na compra de insumos como na abertura de novos leitos para pacientes do coronavírus. “O Estado continua financiando os leitos, quando isso era prerrogativa do Ministério da Saúde. E isso pode não acontecer em outros Estados que não tenham essa flexibilidade de recursos”, afirmou.

Carnaval

Membro do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo adiantou que o governo paulista já avalia impor novas restrições de circulação ou funcionamento do comércio durante o período em que seria celebrado o carnaval, mesmo que a data não tenha mais ponto facultativo no Estado. “Haverá reclassificação das regiões para a próxima semana e é possível que, mesmo assim, seja acrescida alguma recomendação adicional ao período”, disse.

Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, frisou ainda que o governo está se articulando, sobretudo com os prefeitos de municípios litorâneos, para que não haja aglomerações durante a época e, consequentemente, impacto no sistema de saúde. “O governo não dará ponto facultativo e recomenda que as prefeituras façam o mesmo.”

Números da pandemia

De acordo com os dados apresentados na coletiva, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 67,8%, no Estado, e de 67%, na Grande São Paulo, registrando queda 9% nas internações diárias em relação à média da semana epidemiológica anterior, e de 15% quando comparada às duas semanas anteriores. “Se não tivéssemos estabelecido medidas mais restritivas há 15 dias, o sistema de saúde do estado teria colapsado”, afirmou Gorinchteyn.

Em relação à semana epidemiológica anterior, o Estado teve uma diminuição de aproximadamente 24,4% na média móvel de novos casos, de 9,9% na de novas internações, e de 17,1% na de óbitos. Entretanto, os números desta semana epidemiológicoa, entretanto, a 5ª do ano, ainda estão incompletos e a média móvel total só poderá ser contabilizada no próximo sábado, 13, quando houver os dados completos dos sete dias anteriores.

Ao todo, São Paulo já contabiliza 1.807.009 pessoas infectadas e 53.704 mortos pela covid-19.

Fonte: Estadão

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