Durante a pandemia do novo coronavírus, o ator e diretor Fernando Lopes percebeu a aproximação de artistas brasileiros por meio da internet. O contato estreito e as vivências compartilhadas por todos em uma época de adaptações fez com que ele tivesse a ideia de criar um projeto específico para discutir arte. O Teatro Brasileiro Fora do Eixo surgiu para abordar a realidade de profissionais da área e outros assuntos ligados ao fazer teatral de Campo Grande
“Foi surpreendente para mim, porque eu venho fazendo essas lives desde o ano passado. O título Teatro Brasileiro Fora do Eixo é porque, quando começou a pandemia, eu vinha conversando com artistas do Brasil todo que estavam fora do eixo do Rio-São Paulo. Com a Lei Aldir Blanc, eu então ofereci o projeto para fazer as lives Teatro Brasileiro Fora do Eixo – Campo Grande em Cena, só conversando com os artistas da cidade”, explica Fernando.
De acordo com o diretor, o interessante foi perceber o desejo da classe artística de conhecer o trabalho e a história do teatro campo-grandense. “Há um interesse muito grande dos artistas em conhecer os seus colegas, então a gente teve um público basicamente de artistas. A conversa foi muito legal”, frisa.
Essa é a segunda temporada do projeto, que neste ano foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio de edital do Fundo Municipal de Incentivo Cultural (FMIC) promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur). Na primeira edição, realizada em 2020, o projeto conseguiu promover um total de 20 entrevistas (lives) com artistas das regiões periféricas do Brasil. Desta vez, de acordo com o diretor, a ideia é tratar sobre a realidade dos artistas, principalmente no cenário da pandemia de Covid-19.
Programação
A programação das lives continua durante este mês. Hoje, às 19h, ocorre o bate-papo com o também diretor e ator Espedito Di Montebranco. “Aqui, a gente tem essa dificuldade de escrita e registro em geral da história do nosso teatro. Tem essa falta de informação nesse sentido. E esse espaço com certeza vai permitir se pensar o teatro no antes e depois da pandemia”, acredita Di Montebranco.
Já na quinta-feira é a vez do quarto bate papo dessa temporada do Teatro Brasileiro Fora do Eixo, com Fernanda Kunzler, atriz que integra o Teatral Grupo de Risco. “Desde que iniciou, sempre considerei o projeto do Fernando algo importante e necessário. A escuta é necessária. A troca de experiência, para nós da área em especial, é fundamental”, acredita Fernanda. Os bate-papos continuam durante o mês de janeiro e fevereiro, sempre às terças e quintas-feiras, às 19h.
Companhia
Fernando atuou e dirigiu o Grupo Casa durante seis anos, em Campo Grande. Desde 2020, decidiu seguir por um novo caminho, A Cia. Teatro do Mundo. O coletivo de artistas surgiu em meio ao caos de 2020, com o objetivo de usar o teatro como ferramenta de pesquisa e trabalho. “Eu sou diretor de teatro há muitos anos, fui diretor do Grupo Casa durante os seis anos que eu vivi em Campo Grande – ainda vivo – e em 2020 eu já estava com a ideia de montar um grupo novo. Mas veio a pandemia e as coisas ficaram mais difíceis, até que decidi usar a pandemia a meu favor, de forma consciente, para conversar com as pessoas e entender quais são os passos que a gente pode dar. Foi quando eu fiz as lives, conversei com artistas do Brasil todo”, pontua.
Além disso, a companhia também apresentou espetáculos em um shopping de Campo Grande, no estilo drive-in. “Foi também uma aventura muito interessante. O novo real fazendo espetáculos para famílias que estariam vendo dentro de seus carros, pelo telão, e ouvindo o áudio por uma rádio FM. Baita experiência de contato. Ao contrário do que se imaginava, nesse ambiente também há uma expressão potente dessa plateia, buzinando, acenando. Foi muito emocionante”, frisa Fernando.
As lives acontecem no Instagram da companhia
@teatrodomundo.
Fonte:CE