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“Bonito precisa do turismo e do agronegócio, vamos fazer uma gestão compartilhada pelo desenvolvimento sustentável”

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“Bonito é uma etiqueta famosa, todo mundo quer colocar o nome aqui”, afirma o empresário Norival da Silva Junior, o Juca Ygarapé, um dos pioneiros em ecoturismo no destino de Mato Grosso do Sul. Aos 60 anos, esse catarinense foi eleito vice-prefeito do município e vai comandar duas pastas primordiais para o desenvolvimento local: turismo e meio ambiente.

“Não pedi as secretarias para mim, vamos colocar pessoas certas para gerencia-las, indicadas pelos respectivos segmentos”, diz ele, que chegou à região em 1970 e explorou suas riquezas e belezas como adepto da caça e pesca. Foi um dos pioneiros na exploração e descoberta das cavernas, incentivou a prática do mergulho e canoagem e divulgou nacionalmente os atrativos.

Ygarapé aposta numa virada do turismo em Bonito pós-pandemia, refletindo as medidas de biossegurança adotadas no retorno das atividades, as quais foram consideradas exemplos na forma e na sua prática no dia-a-dia com os turistas. Bonito bateu recordes de visitantes em outubro e novembro e fechou o conturbado ano de 2020 com lotação esgotada em dezembro.

“Vamos trabalhar pelo desenvolvimento sustentável, sem levar a ferro e fogo essas questões de meio ambiente e agronegócio, dois setores muito forte economicamente. Vamos trabalhar integrados, dialogando com os ambientalistas, com o trade turístico e os produtores, promovendo uma gestão compartilhada”, propõe.

O turismo em Bonito representa 50% do PIB, atraindo anualmente 240 mil turistas. Esse fluxo se traduz em R$ 340 milhões, gerando oito mil empregos diretos e dois mil indiretos. Mesmo com os reflexos da epidemia, a Capital do Ecoturismo deve alcançar um movimento representativo no ano passado, beirando 180 mil visitantes.

Em entrevista a LUGARES, o empresário Juca Ygarapé fala também da parceria com o Governo do Estado.

  1. De que forma o turismo de Bonito está se superando com essa epidemia que assolou o mundo?

Juca Ygarapé – Estivemos quase quatro meses fechado, foi um transtorno muito grande, mas o trade, os empresários de um modo geral, conseguiu manter a maioria dos seus colaboradores, com a ajuda do governo federal que nos socorreu com o crédito para preservamos as empresas e os empregos. Além do mais, abrir mão de um quadro de funcionários qualificado seria complicado, é muito difícil formar um quadro de pessoas para atender pessoas. Em relação ao retorno das atividades, criamos um formato de protocolos muito forte em todos os atrativos, envolvendo toda a cadeia produtiva do turismo, tornando possível trazer de volta o turista, principalmente o sul-mato-grossense, que não vinha muito. Com a dedicação de todos os segmentos no cumprimento das restrições e medidas de segurança voltamos a atrair os turistas também dos grandes centros e estão retornando os estrangeiros. Então, é um retorno de sucesso, inclusive com uma demanda superior em alguns meses.

  1. Como foi o período de Natal e Fim de Ano?

Uma procura muito grande, além das expectativas, apesar das regras ainda mais rigorosas, como o toque de recolher, medida fundamental para garantirmos segurança aos visitantes. Como a vacina não saiu antes do fim do ano, suspendemos vários eventos de grande atratividade, como a queima de fogos e o megaevento na Praia da Figueira. Mesmo assim, toda a capacidade hoteleira e de passeios disponível, dentro as normas de biossegurança, foi comercializada, mesmo com uma nova onda da epidemia chegando. Temos que continuar muito seguros, respeitando todas as medidas, para que possamos continuar movimentando nosso turismo neste início de novo ano.

 

  1. Vocês, empresários, tem essa percepção clara de um novo turismo com as mudanças de comportamento imposto pelo coronavírus?

Com certeza, estamos observando essa nova tendência, onde Bonito se apresenta como um dos principais destinos dessa busca de ar puro, de natureza, muito verde, com as pessoas com muita vontade de sair depois de um isolamento. Bonito sai na frente nessa nova tendência e vai ganhar 100% pelo que tem a oferecer, pelas suas belezas, nesse momento de grandes transformações em nossas vidas. Acredito muito numa retomada muito forte a partir do segundo semestre, com a chegada da vacina e regularização dos nossos voos.

  1. O senhor estreia na política, mas tem uma visão empresarial muito ampla. Quais as metas para o turismo de Bonito para quatro anos?

Somos marinheiros de primeira viagem na política, mas a união faz a força e estamos unidos, nós do trade, para mudar o que é preciso e reformular algumas políticas para empreender o setor. Antes de mais nada, queremos o desenvolvimento sustentável de Bonito e, para isso, vamos buscar o diálogo, aproximar meio ambiente e turismo e discutirmos com o agronegócio parcerias e soluções para não prejudicarmos nossos recursos naturais e mantermos a força da agricultura. Não podemos levar a fero e fogo essas questões envolvendo o meio ambiente se podemos concilia-lo com o agronegócio de forma responsável e sustentável. Vamos fazer uma gestão compartilhada, envolvendo meio ambiente e turismo, colocando à frente pessoas indicadas por esses segmentos. Estimamos uma explosão do turismo no pós-epidemia e precisamos preparar Bonito em algumas questões fundamentais, como um sistema de esgoto mais eficiente, um plano de lixo zero, onde a reciclagem seja feita na cidade para empregar dezenas de famílias hoje desamparadas. No turismo, especificamente, pretendemos fortalecer cada vez mais a imagem de Bonito com uma forte divulgação dentro e fora do Estado e atrair novos eventos o ano todo, contando sempre com o apoio e alinhamento com a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Sebrae e Sesi.

  1. Quais são as prioridades da nova gestão para fortalecer o turismo? A nova gestão conta com a parceria do Governo do Estado?

Primordialmente, manter essa parceria, somos gratos ao governo pelos investimentos em Bonito em todos os setores. Já estamos dialogando com algumas secretarias estaduais para definirmos metas, dentro de algumas necessidades mais urgentes, como melhorar e ampliar o setor aéreo com mais voos e concluir as ampliações no aeroporto. O translado é fundamental e vamos lutar para conseguir um voo entre Bonito e Foz do Iguaçu, por onde entram os argentinos para nossas praias. Podemos integrar as praias com Bonito e o Pantanal. Também consideramos de grande importância a obra de asfaltamento da antiga estrada do 21 (MS-345), que passa pelas Águas do Miranda, um polo de pesca em potencial que precisa ser implementado e estruturado. Ainda este ano vamos buscar parcerias para incentivar essa prática, criando eventos, como um festival de pesca para adultos e crianças, valorizando também a gastronomia local. Com isso, vamos criar mais uma alternativa de turismo e apoiar uma comunidade hoje esquecida.

Fonte: Lugares por Silvio de Andrade

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