De acordo com ela, desde a formação do atual La Niña (em agosto) houve muitas especulações a respeito de sua intensidade. “Na última semana a região do Niño 3.4, principal região de utilizamos para monitorar as anomalias associadas ao ENOS, registrou uma anomalia de -1.4°C. Esse valor é considerado bem intenso e já indica uma intensidade moderada da atual La Niña, beirando a intensidade forte. Um evento de La Niña é considerado moderado quando as anomalias do Niño 3.4 ficam entorno de -1 a -1.5°C, abaixo de -1.5°C é considerado como forte”, explica.
“Após essa intensificação do resfriamento das águas superficiais e a confirmação da resposta atmosférica a esse resfriamento, caracterizada pela intensificação dos ventos alísios e os valores positivos do Índice Oscilação Sul (SOI, sigla em inglês), as projeções mudaram”, aponta a meteorologista.
“Agora, muitos dos modelos usados nas previsões do IRI e CPC preveem anomalias condizentes a um evento de La Niña moderado ou até mesmo forte até o final desse ano. O modelo CFSv2, do NCEP/NOAA, é um dos modelos que aposta num evento muito intenso, com anomalias inferiores a -2°C. Porém, modelos como o ECMWF, continuam mantendo suas apostas num evento moderado, não passando de -1.5°C.
“A maioria dos modelos do IRI/CPC indicam que a La Niña deverá atingir seu máximo de intensidade em dezembro ou janeiro de 2021, verão no hemisfério sul, e a partir de fevereiro e março, deverá começar a perder força e gradualmente voltar a condições de neutralidade durante o outono de 2021. Dessa forma, o La Niña desse ano poderá ser forte, porém de curta duração.
IMPACTOS DE LA NIÑA
E quais são os impactos da La Niña? “Muitos estudos já foram feitos no intuito de estudar eventos passados de El Niño e La Niña e inferir seus impactos no clima global, o mais recente deles foi feito por pesquisadores do IRI e publicado na revista Weather and Forecasting no mês passado. De acordo com os mapas desse estudo, sobre o Brasil há uma grande probabilidade da ocorrência de chuvas abaixo da média sobre partes das regiões Sudeste e Centro-Oeste e acima da média no norte da região Nordeste e norte/nordeste da região Norte, no trimestre de Novembro, Dezembro e Janeiro”, conclui Paola Bueno.
Fonte: Agrolink