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Desembargador narra histórias da fronteira de MS com o Paraguai

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As cidades fronteiriças de Mato Grosso do Sul têm muitas nuances, quase todas abordadas no livro “Che Tiempo Guaré”, do desembargador federal Nery da Costa Júnior, 59 anos.

Natural de Amambai, Costa Júnior reuniu suas lembranças pessoais a fatos históricos da cidade para desenvolver o livro. O trabalho é resultado de três anos e meio de dedicação e entrou em pré-lançamento – totalmente virtual, por conta da pandemia do novo coronavírus.

“É preciso buscar as coisas do passado para alimentar o presente e gerenciar o futuro”, acredita o desembargador.

O próprio nome da obra indica o cuidado com as tradições e a história da terra onde Costa Júnior nasceu e cresceu. A expressão “che tiempo guaré” vem da junção de dois idiomas, o espanhol e o guarani, ambos eufônicos, e significa “meus doces tempos”.

“Eu comecei a escrever esse livro em janeiro de 2017. Sempre tive essa inquietude, o desejo de produzir memórias que atingissem um universo de pessoas, que pudéssemos resgatar um pouco da nossa cultura regional; e também eu achava sempre que aquele pedaço do Brasil, que já foi Paraguai, é uma região pouco prestigiada, pouco conhecida”, acredita.

Costa Júnior escreveu o livro em três partes, reunindo não só as suas memórias pessoais, mas também fatos históricos e entrevistas feitas por jornalistas colaboradores.

“Queria que as pessoas que são da região e as futuras gerações tivessem a oportunidade de conhecer a história. Eu acho que quem não conhece o passado não vai ter entendimento hoje do que vai ser o futuro também”, aponta.

Livro escritor pelo desembargador Nery Costa Júnior reúne relatos históricos, lembranças da infância e entrevistas importantes para contar a história da região de Amambai – Divulgação

Do exército aos indígenas
Costa Júnior optou por contar a história a partir dos diferentes sujeitos que a compõem, como os militares e os indígenas.

Portanto, no terceiro capítulo, Sabres e Tacapes, o autor se dedica à unidade do Exército Brasileiro instalada em Amambai desde 1967 – 17˚ Regimento de Cavalaria Mecanizado, e às comunidades indígenas guarani-kaiowá da região sul de Mato Grosso do Sul.

No primeiro capítulo, das lembranças de sua infância, Nery segue apresentando a trajetória político-administrativa do município e destaca o que considera marcas de sua memória – entre elas, a praça central da cidade, palco de encontros e desencontros – e o esporte em seus tempos áureos.

No segundo capítulo, o desembargador batiza de Cuera cinco personalidades que de uma forma ou outra influenciaram e passaram por sua vida.

Não chega a ser uma biografia, mas a quantidade de informações obtidas nas pesquisas e entrevistas revela o melhor da história desses Cueras. “Iconizo nomes de pessoas emblemáticas na construção de uma sociedade”, frisa.

A região onde são protagonizadas as narrativas de “Che Tiempo Guaré” é titulada no livro por Alto Amambai, cuja capital é Amambai, cidade natal do autor.

“O cenário da nossa epopeia é o que chamo de Alto Amambai. Incrustada no polo meridional de Mato Grosso do Sul, Amambai não é interior, mas a glória do Estado. Alto Amambai é uma fatia de terras delimitada pela margem direita do Rio Amambai, desde a nascente até sua foz. Confluindo com o estado do Paraná pelo rio do mesmo nome, a leste, e com a República do Paraguai, a oeste. Aí estão os municípios de Amambai, Coronel Sapucaia, Caarapó (parte), Tacuru, Paranhos, Sete Quedas, Iguatemi, Juti (parte), Naviraí (parte), Itaquiraí (parte), Eldorado, Japorã e Mundo Novo”.

O livro tem o prefácio de Moacir Saturnino de Lacerda, integrante do grupo Acaba, responsável por cultuar e registrar em versos e música a história de Mato Grosso do Sul. A apresentação é feita pelo prefeito de Amambai, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira, e a capa é criação do artista e arquiteto Jamil Melo.

Lançamento
Por enquanto, a obra será lançada apenas virtualmente, em razão da pandemia do novo coronavírus.

Na segunda fase de divulgação da obra, o autor tem a intenção de realizar eventos públicos com a participação dos colaboradores e comunidade em geral.

Esses lançamentos abertos devem ocorrer em Amambai, Campo Grande e Iguatemi, em Mato Grosso do sul.

Nery Costa Júnior também deve lançar o livro em São Paulo, onde atua como desembargador federal, e no município de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, onde foi feita extensa pesquisa sobre alguns pontos importantes na obra.

Fonte: CE

 

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