A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) montou um planejamento para a retomada do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia a partir deste mês. A ideia da entidade é realizar as duas primeiras etapas no Centro de Desenvolvimento do Vôlei (CDV) em Saquarema (RJ), formando uma “bolha” como a que foi montada pela NBA na Disney, em Orlando, para garantir a segurança dos atletas e barrar a transmissão do novo coronavírus. A primeira etapa está prevista para acontecer entre os dias 17 e 27 e a segunda entre 15 e 25 de outubro.
O protocolo de segurança da CBV foi montado pelo médico João Olyntho. O ponto principal é que os atletas devem realizar o teste RT-PCR para covid-19 antes de irem para Saquarema e somente serão admitidos no CDV com o resultado “não-detectado”. Ao chegar, passarão por teste para detectar anticorpos para o novo coronavírus e por uma análise clínica para avaliação de sintomas – esta será repetida todos os dias nos atletas que estiverem na bolha. Caso alguém apresente sintomas, será testado novamente e se o resultado for positivo, ficará isolado em uma ala reservada.
Outros pontos dizem respeito ao distanciamento social. As etapas masculina e feminina serão separadas, como forma de evitar aglomerações. Haverá redução no número de duplas presentes no torneio. Os atletas terão horários definidos para fazer as refeições e não poderão acompanhar os jogos dos adversários. Máscaras deverão ser usadas por todos em todos os momentos, exceto por quem estiver jogando. E, claro, os jogos não terão público.
“As datas de realização das etapas foram definidas em conjunto com a Comissão de Atletas e patrocinadores, e julgamos que seria oportuno o reinício uma vez que as taxas de contágio estão diminuindo de forma significativa e o protocolo de prevenção nos dará maior segurança. As medidas da NBA nos auxiliaram muito no planejamento. Tivemos outros exemplos como o da associação de vôlei de praia dos Estados Unidos, mas em um modelo que consideramos semiaberto, tendo em vista que a hospedagem ocorreu fora do lugar dos jogos. Optamos por uma retomada com a concentração de todos os envolvidos em um mesmo local”, contou Virgílio Pires, superintendente de vôlei de praia da CBV.
O normal é cada etapa do Circuito de Vôlei de Praia ter até 56 duplas, sendo o evento realizado de terça-feira a domingo. Para esta primeira etapa, no período 16 a 20 de setembro, de quinta a domingo, será realizado o torneio feminino e na semana seguinte, no mesmo período, o torneio masculino. As duplas participantes serão escolhidas pelo ranking, sendo 32 por gênero.
Olyntho dá mais detalhes de como será a organização. “Os atletas não deverão treinar, assim como não vão fazer a utilização de outras partes das áreas comuns, como sala de musculação. Eles basicamente vão fazer o aquecimento e participar dos jogos. Fora isso, serão incentivados a fazer suas refeições nos horários programados e manterem-se nos quartos. A higienização das bolas será feita a cada partida, com álcool etílico, enquanto os demais materiais, como rede, hastes, fita de marcação da linha, que estão dentro dos jogos, serão higienizados com material antisséptico. Assim como a higienização dos quartos será feita com quaternários de amônia, álcool etílico e saponáceo”, relatou o médico.
Segundo Pires, as três etapas seguintes (a terceira marcada para novembro e as outras para dezembro) ainda podem acontecer fora do CDV. “Estamos avaliando essa possibilidade. Levando em conta que os números e informações sobre o vírus alternam praticamente todos os dias, se os índices de contaminação e letalidade da covid-19 não baixarem significativamente poderemos realizar a terceira etapa neste mesmo formato. Existem algumas cidades solicitando a realização de uma etapa do Circuito Brasileiro Open. Se for o caso, escolheremos aquela em que nos possibilite maior segurança para essa realização”.
Já os jogos marcados para 2020 das categorias sub-17, sub-19 e sub-21 do vôlei de praia foram adiados e serão disputados no primeiro semestre de 2021 – a temporada de 2021 em si ocorrerá apenas no segundo semestre.
Entre os atletas, o sentimento é de confiança de que as medidas vão dar certo. “Tivemos um boletim com os informativos de como será esse campeonato em Saquarema. É um formato bem diferente, mas acredito que vai ser um protocolo que vai funcionar e com certeza é a melhor opção para o período que estamos vivendo. Eu me sinto segura, acredito que se os protocolos forem seguidos não terá risco pra ninguém”, opinou Ana Patrícia, que, ao lado de Rebecca, estará nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.
Segundo a jogadora, as medidas de prevenção já estão presente nos treinos. “A gente já vem adotando alguns dos itens do protocolo, até para nossa segurança também. Toda a comissão técnica faz o trabalho de máscara, para minimizar esse risco de contaminação, e não nos cumprimentamos, evitamos ao máximo o toque humano ali dentro do que é possível”, relatou.
Ana Patrícia também descreveu como foi quarentena e a volta aos treinos. “Foi um período bastante difícil, principalmente no início, que a gente não tinha ideia de tudo que ia acontecer, do tempo que ia ficar parada. Mas conseguimos manter as atividades, nosso preparador físico fazia os treinos e acompanhava a gente de forma online. Isso ajudou para que o retorno não fosse tão sofrido na parte física. Já na parte técnica, realmente demorou bastante pra voltar a um bom nível, estamos retornando agora”.
SEM TORCIDA – Como os jogos não poderão ter público, a CBV tentará trazer a presença dos fãs através da internet. “Ausência de público de fato nos preocupa, mas, além de ser inevitável neste momento, temos alternativas para suprir esta ausência. Vamos buscar bastante interação com os internautas, teremos arquibancada virtual, sempre que possível com a participação de jogadores”, disse Pires.
Todos os jogos serão transmitidos online e as partidas válidas pelas semifinais (sábado à noite) e final, além da disputa de terceiro lugar (domingo pela manhã) serão transmitidos ao vivo pelo SporTV.
Ana Patrícia lamenta, mas acredita que a precaução é importante. “Acredito que vá sim fazer uma diferença grande porque somos acostumadas, eu particularmente gosto muito de jogar com público, embeleza ainda mais a etapa. Mas a gente entende que essa é uma medida mais do que necessária nesse momento, tanto para a segurança da gente como das pessoas que são apaixonadas pelo vôlei de praia”, comentou.
Fonte:Acritica