Mato Grosso do Sul está 35 dias seguidos com média móvel de mortes acima de 10, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A média móvel é feita contabilizando não apenas os casos registrados nas últimas 24 horas, mas os mais recentes com os seis dias anteriores, dividindo o resultado por sete.
Essa ferramenta é usada para conseguir entender a tendência da pandemia, não levando em consideração apenas as oscilações entre dias de semana e fins de semana. O resultado seria uma leitura mais verídica da situação da cidade, Estado ou País.
Por exemplo, a última vez que Mato Grosso do Sul contabilizou menos de 10 mortes em 24 horas ocorridas no dia 15 de agosto, mas na média móvel foi no dia 25 de julho, com 9,7.
Atualmente, o Estado está na considerada estabilidade de casos confirmados e mortes, entretanto, isso se deu em um patamar ainda alto, segundo as autoridades de saúde.
Para o secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, a manutenção dessa taxa faz com que o Estado permaneça em alerta para uma doença, que ainda não constou da queda na região.
“Se nós não diminuirmos o número de casos, que cada dia aponta para uma estabilização em um patamar alto, uma média de quase 900 casos por dia, nós vamos continuar com esse número de óbitos, porque uma parcela processa esses casos novos vai exigir de leitos clínicos e de leitos de [unidades de terapia intensiva] ITUs. Uma parcela antes que transmita os leitos de UTI, seus estados de saúde vão ser bastante devidos, principalmente naqueles que têm comorbidades, e uma parcela vai a óbito ”, acompanhando o fluxo durante a transmissão ao vivo pelas redes sociais do governo.
DADOS
Segundo Resende, é necessário que se reduza o número de casos tanto em Campo Grande, epicentro da doença em Mato Grosso do Sul, mas também no interior do Estado, como em Corumbá.
“Nós não vamos ter um cenário diferente do que vem sendo apresentado e que está virando a rotina. Nós precisamos diminuir esse número de casos. Como fazer isso? Simplesmente fazendo aquilo que estamos indicando desde o começo das nossas vidas, o monitoramento rigoroso dos casos após o recebimento do teste ”, saliente.
De acordo com os dados da SES, fluxo pelo Correio do Estado, a média móvel de casos no Estado nesta última semana se manteve estável, com um leve aumento. De 809 no dia 23, passou para 867 ontem (30). Já em relação às mortes, a quantidade seguiu quase a mesma no período: de 13,9 para 13,6.
Em Campo Grande, houve uma variação positiva em relação aos casos, mas negativa no número de mortes. A média móvel passou de 401 episódios no dia 23 para 387 ontem, e de 6,1 em relação às mortes no período para 7 neste domingo.
SERVIÇO DE SAÚDE
Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, essa estabilização em um patamar alto de casos é perigosa, pois pode sobrecarregar o sistema de saúde.
“Risco é estar muito próximo dos 100% [de ocupação de leitos]. Está acima de 80%, qualquer pequena variação na transmissão para cima pode esgotar o serviço de saúde ”, avalia o pesquisador, que também é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Conforme Croda, atualmente o Estado não mostra o indicador de queda no número de casos e há um “aumento da positividade nos exames e na letalidade”.
O isolamento social, que poderia ajudar a reduzir o número de casos, continua baixíssimo no Estado e, principalmente na Capital – na sexta-feira a cidade teve índice de 34,6%, sendo a capital do País em pior situação, e Mato Grosso do Sul com 35,7%, é apenas o 21º estado em distanciamento.
Com isso, o pesquisador acredita que o motivo para essa estabilização está nas medidas de prevenção e higiene pessoal. “O uso de máscara, distanciamento, lavagem de mãos, as pessoas tendem a relaxar com o tempo. Em algum momento vai ter imunidade coletiva, mas só depois que a curva começar a cair ”, avaliou.
Fonte:CE