O corpo arqueado, as mãos sobre o rosto e os olhos cheios de lágrima. A imagem do choro de Neymar após a derrota para o Bayern de Munique foi um retrato simbólico da frustração do craque brasileiro com o desfecho para o Paris Saint-Germain na Liga dos Campeões, mas também em relação a tudo o que ele passou numa das temporadas mais marcantes de sua carreira. Cujo futuro é constantemente motivo de especulações.
Depois do jogo, Neymar agradeceu o carinho dos fãs, parabenizou o Bayern e ressaltou que o PSG “lutou até o final”. E esse último episódio na temporada não foi fácil. Dados da Uefa apontam que o atacante teve apenas uma finalização no gol, contra duas para fora. Acertou 62% dos passes (20 de 32). Foi o jogador que mais sofreu faltas: seis no total. Cometeu três e levou um cartão amarelo.
Neymar terminou o seu terceiro ano pelo PSG com 27 jogos, 19 gols, 11 assistências e 2.385 minutos em campo. Contribuiu diretamente para 42% dos gols do time quando atuou (30 de 70), com uma participação a cada 79 minutos. No principal torneio, a Champions League, foram três gols e quatro assistências, em 585 minutos. Ele foi decisivo para 46% (sete de 15) dos gols quando jogou, um a cada 83,5 minutos.
Neymar teve dificuldades na final da Champions contra o Bayern — Foto: UEFA / Getty Images
Uma temporada marcante, desde o início. O retorno dele ao Barcelona chegou a estar encaminhado, em junho do ano passado. Ele se reapresentou em 15 de julho ainda em meio a especulações de sua saída. O clube catalão só desistiu da contratação em 31 de agosto, último dia da janela de transferências, após a contraproposta do PSG.
A recuperação da lesão no tornozelo direito, a negociação com o Barcelona e a consequente situação indefinida no clube francês fizeram com que o craque perdesse os cinco primeiros jogos do time na temporada. Pior, geraram a insatisfação da torcida, que protestou na abertura da Ligue 1. Depois, o vaiou na reestreia dele contra o Strasbourg e exibiu uma faixa contra o pai do brasileiro.
“Já joguei em vários estádios sendo vaiado. É triste, mas sei que a partir de agora será como jogar todo jogo fora de casa”, declarou Neymar na ocasião. Ele marcou um golaço no dia.
A relação foi melhorando com o passar das boas atuações. Ele fechou as cinco primeiras partidas com quatro gols. Só que veio a lesão na coxa esquerda no amistoso da seleção brasileira contra a Nigéria. Neymar perdeu seis jogos por causa disso, sendo dois pela fase de grupos da Liga dos Campeões. Fora a suspensão que tinha a cumprir após insultos à arbitragem na temporada anterior. O retorno ao grande palco do futebol europeu só se deu na quinta rodada, no empate com o Real Madrid.
As lesões ao longo da campanha:
Lesão na coxa direita / 37 dias fora / 6 jogos perdidos
Traumatismo na costela / 13 dias fora / 4 jogos perdidos
Recuperado, o atacante teve uma virada de ano produtiva, com 11 jogos entre dezembro e o início de fevereiro, 11 gols marcados e 10 assistências. Mas por causa de dores na costela, ele foi preservado de quatro partidas em fevereiro. Tudo para estar 100% contra o Borussia Dortmund, pelas oitavas de final da Champions. Deu certo. Ele balançou as redes nos dois confrontos e ajudou a manter o PSG vivo no torneio.
Aquele foi o último jogo do Paris Saint-Germain antes da paralisação do futebol na França por causa da pandemia do coronavírus. Neymar retornou ao Brasil e se instalou em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Os trabalhos físicos foram intensos na quarentena, até mais fortes do que em condições normais, por cerca de três meses.
Até porque não haveria Campeonato Francês para disputar. A liga foi encerrada no dia 30 de abril, e o PSG foi declarado campeão antecipadamente. De volta a Paris, o brasileiro teve apenas jogos decisivos pela frente. Primeiro foi a final da Copa da França, em que o atacante fez o gol da vitória sobre o Saint-Étienne. Uma semana depois, triunfo sobre o Lyon na Copa da Liga Francesa, nos pênaltis. Triplete nacional garantido antes da disputa da “Super Champions”.
Mesmo sem marcar, Neymar teve atuações elogiadas em Lisboa, contra a Atalanta nas quartas de final, e contra o RB Leipzig na semifinal. O frisson na web causado pela classificação inédita para a decisão da Liga dos Campeões potencializou as discussões sobre as chances do brasileiro de ser eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa nesta temporada. O último capítulo na Champions já sabemos como terminou.
E a próxima temporada?
Foto: UEFA / Getty Images
Na temporada do aniversário de 50 anos, o PSG conquistou a Supercopa da França, a Copa da França, a Copa da Liga e o Campeonato Francês. Superou a barreira das oitavas de final da Champions depois de três eliminações seguidas. Mas o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, disse depois da decisão de domingo passado que o principal objetivo segue sendo o título europeu.
O time francês vai precisar resolver como fazer isso sem o seu capitão, Thiago Silva, que se despediu. Além de um substituto à altura na zaga, o clube tem como prioridades a contratação de um lateral-direito, um meio-campista e um atacante, segundo o jornal Le Parisien.
E Neymar? Tem contrato com o Paris Saint-Germain até junho de 2022. A chefia avisou que ele e Mbappé “nunca irão embora”. O atual presidente do Barcelona, Josep Bartomeu, afirmou que o atacante só voltaria em caso de troca de jogadores. Num cenário de crise esportiva e econômica do clube catalão, é ainda menos provável. Mas as notícias na imprensa local reapareceram em abril. A conferir.
Fonte:Ge