Os preços dos hortifrútis deve sofrer alteração a partir de amanhã (25), com a chegada da remessa na Ceasa-MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), principalmente do estado de São Paulo, mas nada significativo, apesar do frio intenso da última semana.
Nessa “bolsa de valores”, em que vários fatores podem ser responsáveis pela sazonalidade de valores dos hortifrútis, o preço do quiabo é o que apontou maior variação, chegando a custar o dobro do valor médio, que é de R$ 80 a caixa. Também está sendo esperada alta do quilo do tomate, fruto que já foi o grande vilão da inflação e pode voltar a ter esse papel até o fim do ano.
As mudanças acontecem às terças e sextas, quando chegam as remessas de outros estados e os preços de recompõem. O auxiliar administrativo da Ceasa, Rodrigo Xavier, é responsável pela cotação de preços na central e acompanha diariamente essas variações. Segundo ele, não há como antever o percentual, pois as negociações se finalizam com a chegada dos caminhões.
Porém, alguns “comportamentos” são previsíveis. Como já era esperado, muitos produtos que estão na entressafra não sofrem alteração significativa, já que há baixa oferta e demanda, com consequente substituição pelo itens da safra de frio, como couve-flor, rabanete, alface, cenoura, beterraba, brócolis, cebolinha e outros.
Há exceções nessas altas, como a abobrinha verde, produto que se dá bem em climas amenos a quentes, que voltou ao patamar de R$ 55 a R$ 80 a caixa, dependendo da qualidade ou procedência.
Neste caso, a baixa também foi consequência da pandemia. Por ser produto de grande procura para compor a merenda das escolas, teve queda na comercialização com a suspensão das aulas, a partir de março, e a caixa no período de safra chegou a cair a R$ 30.
O produtor Wandre Barbosa de Paula, 36 anos, lembra que onda de frio em julho o fez perder cerca de 20 caixas de abobrinha, prejuízo de R$ 1,4 mil. Na semana passada, com chuva de granizo no sul do País, a perda foi com a revenda de banana, em que a casca ficou rachada com impacto das das pedras de gelo: 500 caixas perdidas, juntamente com investimento de R$ 17,5 mil.
Outro produto que apresentou alta, esta, diretamente relacionado ao frio foi o quiabo. “Qualquer friozinho que a gente tenha, por mínimo que seja, já dá subidinha na outra semana”.
O produtor César de Oliveira Rocha, 56 anos, já sentiu a diferença. Com o frio, a caixa do quiabo passou de R$ 80 para R$ 120. “E vai subir mais”, avisou. Perde-se de um lado, ganha-se de outro, ele explica. “Folhagem está boa, só sofre se der geada muito forte”, disse. O frio atrapalha somente na procura. “Pessoa não vai ao mercado”. Nesse dias, há redução da média diária de 150 a 200 clientes, mas que se recompõem ao longo da semana.
O agricultor Mauro Takamoto, 46 anos, não se abalou com o frio intenso desses últimos dias. Com experiência de 20 anos no mercado, explica que a mudança de temperatura influencia nos hábitos. “Quando tá frio, as pessoas compram batata, mandioca, couve para fazer caldo, feijoada”, disse. “Não teve queda nas vendas por causa do frio”. O que se perderia na venda, aproveita-se para doação.
Rodrigo Xavier disse que esta semana pode haver alta nos preços do quilo do tomate, mas diz que não há como mensurar. “Quando vou cotar com os produtores, eles sempre falam ‘não tem um só por que, hoje pode estar R$ 50, amanhã, R$ 150’”.
Dos tomates produzidos em Mato Grosso do Sul, a caixa com 25 quilos pode ser encontrada de R$ 60 a 72 e, os provenientes do estado de São Paulo, de R$ 35 a R$ 50. Na semana passada, por exemplo, a média foi de R$ 100 a R$ 160, por conta de queda de temperatura seguida de calor, que altera o processo de maturação do fruto.
Fonte:CGN