Relatório de pesquisadores de universidades de Mato Grosso do Sul e da Bahia indica crescimento preocupante de casos do novo coronavírus (covid-19) na microrregião de saúde em Aquidauana em apenas duas semanas. A recomendação é prorrogar o lockdown no município, em vigor desde 31 de julho até esta sexta-feira (7).
O município tem hoje 552 casos confirmados da doença, aumento de 44 notificações em 24h e 17 mortes, taxa de letalidade de 3,1%, conforme dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde).
O Relatório Técnico de Análise Geocartográfica da Covid-19 na Microrregião de Saúde de Aquidauana-MS referente às Semanas Epidemiológicas 29ª à 31ª foi feito por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia), os mesmos que recomendaram o lockdown em Dourados.
O estudo abrange dados de 18 de julho a 1º de agosto. “Todos os municípios dessa microrregião tiveram crescimento significativo na taxa de incidência da Covid-19, com exceção do município de Bodoquena”, explica a pesquisadora da UFMS, Eva Teixeira dos Santos, doutora em Saúde e Desenvolvimento na região do Centro-Oeste.
Com isso, pela escala estabelecida pelos pesquisadores de níveis de alerta de 1 a 5, Aquidauana e Miranda estão no grau 4, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti no 3, Nioaque, 2 e Bodoquena no nível 1.
Os pesquisadores alertam para o crescimento de casos em Aquidauana, centro regional e de suporte à saúde dos outros municípios da microrregião e, por isso, sendo o que precisa tomar ações mais restritivas.
O relatório não citou a comunidade indígena, mas o grupo é foco de alerta por conta da disseminação do novo coronavírus. São mais de 5 mil índios distribuídos em 10 aldeias na região de Aquidauana.
Eva Teixeira diz que deve-se reconhecer o esforço da gestão municipal com adoção do lockdown com base nos estudos e no boletim de saúde, mas avalia que a medida deveria ser estendida por mais sete dias.
O decreto 114/2020 da prefeitura de Aquidauana determina o funcionamento apenas dos serviços considerados essenciais, como comércio e padarias, das 7h às 17h. Farmácias e postos de combustíveis podem funcionar 24h, mas apenas para abastecimento de veículos, sem serviços extras. A medida está prevista para terminar hoje.
O professor e pesquisador da UFGD, Adeir Archanjo da Mota, especialista em Geografia da Saude, diz que as prefeituras das outras cidades da microrregião também precisam ficar atentas. “Não há negociação com o novo coronavírus. Às vezes as pessoas veem o nível de alerta 2 e 1 e acham que a doença está ‘leve’ nesses municípios. Esclarecemos que alerta é alerta. Se está em alerta é porque já saiu da normalidade”.
Fonte:CGN