Uma ampla aliança de segurança pública foi oficialmente prorrogada em Mato Grosso do Sul, garantindo por mais 24 meses a continuidade da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) no Estado.
Documentos oficiais detalham a renovação do pacto entre a União, por meio da Polícia Federal (PF) e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, e o Estado, representado pelas Polícias Civil, Militar, Penal e pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
O acordo estabelece um plano de trabalho focado em desarticular as finanças de organizações criminosas.
O acordo de cooperação técnica e seu plano de trabalho atualizado representam um esforço robusto e coordenado contra a criminalidade. O objetivo declarado é a “intensificação, em caráter especial, do enfrentamento às organizações e associações criminosas”.
A estratégia se concentra em alvos de alto impacto: facções, tráfico de drogas e armas, roubo de cargas e, crucialmente, na “descapitalização dos grupos criminosos” por meio da repressão à lavagem de dinheiro e da recuperação de ativos.
A governança da força-tarefa é detalhada, com a PF exercendo a coordenação-geral, garantindo um comando unificado para as operações.
Apesar do detalhamento das futuras atribuições, a documentação se concentra em metas e expectativas, não em resultados concretos já alcançados.
A seção de resultados esperados do plano é qualitativa, listando objetivos como “maior integração entre as forças”, “diminuição de ocorrências de crimes violentos” e “desarticulação das organizações criminosas”.
O plano prevê a “otimização dos recursos humanos, materiais, tecnológicos, logísticos e financeiros já existentes”, evitando a criação de despesas extraordinárias.
Contudo, a lista de meios a serem disponibilizados pelos órgãos participantes é extensa, incluindo estrutura física, viaturas, armamento, munição e equipamentos de proteção, o que reforça a magnitude do investimento contínuo na operação.
CONTEXTO
A Ficco-MS tem uma trajetória marcada por operações contundentes e integração entre diversas forças de segurança. Em dezembro de 2023, a força-tarefa lançou a Operação Égide II, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico de armas e drogas.
Na ocasião, foram cumpridos cinco mandados de busca em Campo Grande, e a investigação apontou remessas clandestinas para o Rio de Janeiro, além da lavagem de dinheiro por meio de investimentos imobiliários na capital sul-mato-grossense.
Já em fevereiro deste ano, a força-tarefa deflagrou a Operação Sátrapa, voltada para apurar crimes cometidos dentro de presídios. A investigação incluiu homicídios, tráfico de drogas e corrupção de servidores penitenciários.
Foram cumpridos mandados de busca em Dourados, Rio Brilhante, Naviraí e até em Marília (SP), além da decisão judicial de afastar um diretor de presídio e colocar tornozeleiras eletrônicas em investigados.
Em julho, a Ficco-MS deflagrou a Operação Camp Over, desdobramento de uma grande apreensão de entorpecentes. Durante as diligências, a força-tarefa prendeu dois suspeitos, apreendeu veículos, dinheiro, armas e drogas.
No dia 2 de outubro, a Ficco-MS executou a Operação Heredita Damnare para desarticular uma quadrilha especializada no tráfico transnacional de drogas e munições por rotas rodoviárias.
A ação contou com a colaboração da Polícia Federal, da Polícia Militar (rodoviária e estadual), da Polícia Civil, da Polícia Penal de Mato Grosso do Sul e da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão – 11 deles no Estado (nas cidades de Campo Grande, Dourados e Ponta Porã), oito em São Paulo e um na Bahia – além de 15 mandados de prisão preventiva. A Justiça também decretou o sequestro e o bloqueio de bens no valor de R$ 5,4 milhões.
As investigações identificaram um esquema sofisticado em que a organização criminosa usava caminhonetes clonadas e empresas de fachada para traficar drogas e munições da fronteira com o Paraguai até centros urbanos como São Paulo. Durante a ação, foram apreendidas mais de 14 toneladas de substância semelhante à maconha.
A atuação da Senappen tem sido fundamental nesse contexto de cooperação. Ela integrou a Ficco-MS em diversas operações, contribuindo com expertise em inteligência penitenciária e no enfrentamento ao crime organizado dentro e fora das prisões.
Em suma, a força-tarefa se consolidou como peça-chave na estratégia de segurança pública no Mato Grosso do Sul, encarando com firmeza tráfico transnacional, corrupção em presídios, lavagem de dinheiro e ações criminosas em múltiplas frentes, por meio de cooperação entre esferas federais, estaduais e penitenciárias.
*SAIBA
A estratégia se concentra em alvos de alto impacto: facções, tráfico de drogas e armas, roubo de cargas e a descapitalização dos grupos criminosos por meio da repressão à lavagem de dinheiro e da recuperação de ativos.
Fonte:Correio do Estado