Doação de sangue fenotipado: um gesto vital para pacientes com transfusões complexas

Doar sangue já é um ato nobre, mas alguns voluntários realizam um gesto ainda mais raro e vital: são os doadores de sangue fenotipado, pessoas que possuem características genéticas específicas que podem ser cruciais para a sobrevivência de pacientes com necessidades transfusionais complexas.

Esses doadores passam por uma triagem mais detalhada, que identifica antígenos além dos tradicionais tipos sanguíneos ABO e Rh, incluindo os sistemas Kell, Duffy, Kidd, entre outros. Esses detalhes, quase invisíveis ao público geral, podem fazer toda a diferença em casos de pacientes com múltiplas transfusões ou com o sistema imunológico sensibilizado.

De acordo com a Rede Hemosul, esse tipo de sangue é essencial quando há risco de reação imunológica grave durante a transfusão. Pacientes com anticorpos contra antígenos raros precisam de um doador com perfil genético compatível para evitar complicações sérias, como a destruição das células do sangue recebido.

Segundo a coordenadora da Rede Hemosul, Marina Torres, os principais perfis de pacientes que necessitam de sangue fenotipado são:

  • Pessoas com doenças hematológicas crônicas, como anemia falciforme e talassemia
  • Mulheres que desenvolveram anticorpos durante a gestação, especialmente por incompatibilidade Rh
  • Pacientes oncológicos em quimioterapia ou em processo de transplante de medula
  • Indivíduos politransfundidos, que já receberam muitas transfusões e desenvolveram anticorpos irregulares

“Caso tenha sido identificado como doador fenotipado e chamado para doar sangue, saiba que um paciente específico estará necessitando dessa doação. Ao se comprometer, venha fazer sua doação e não demore para atender ao chamado, pois provavelmente um paciente em estado grave precisa desse sangue para continuar vivendo”, destaca Marina.

O fenótipo do sangue é identificado com base nas doações regulares. Por isso, o Hemosul orienta a população a doar sangue com frequência. A partir dessas coletas, a rede avalia e seleciona, com base em critérios técnicos e clínicos, quais doadores devem ser submetidos aos testes adicionais para identificação do fenótipo sanguíneo.

Uma vez identificado, o doador se torna parte de um cadastro altamente estratégico e, quando necessário, é chamado especificamente para atender a casos de pacientes em risco. Muitas vezes, há pouquíssimos doadores compatíveis disponíveis em todo o sistema.

engenheira agrônoma Carolina Stefanelo, moradora da Vila Nasser, em Campo Grande, é um exemplo de dedicação silenciosa e constante. Ela é doadora fenotipada desde 2001 e conta que a experiência é transformadora:

“Ser uma doadora fenotipada é uma experiência que proporciona um senso de grande importância e responsabilidade. A consciência de que um teste sanguíneo específico direciona a doação para um receptor compatível e a maneira como esse sangue auxilia uma pessoa de forma tão particular gera um sentimento especial.”

Além disso, Carolina compartilha como a doação impacta também em sua própria saúde:

“A cada início de ano, já me programo para as doações, aproveitando as três oportunidades anuais que são permitidas às mulheres. Esse planejamento me ajuda a manter um estilo de vida saudável, pois tenho a consciência de que o sangue doado precisa ser de alta qualidade para quem o receberá.”

professor Álvaro de Lima teve sua primeira experiência recentemente, mas já compreende o valor do gesto:

“Embora estivesse com a agenda apertada, a consciência da urgência e da importância de um sangue tão específico para salvar uma vida me impulsionou a doar no sábado passado. Incentivo todos a se colocarem à disposição para a triagem e avaliação, doando tanto sangue comum quanto o fenotipado.”

A doação de sangue fenotipado exige mais do que apenas boa vontade: ela envolve comprometimento, consciência e empatia. Saber que uma doação específica pode ser a única opção segura para salvar uma vida reforça o papel vital desses doadores no sistema de saúde pública.

A Rede Hemosul lembra que o sangue tem prazo de validade e que as doações regulares são essenciais para manter os estoques disponíveis, inclusive os de perfis genéticos raros.

Hemosul Coordenador, em Campo Grande, está localizado na Av. Fernando Corrêa da Costa, 1304, e funciona:

  • Segunda a sexta: das 7h às 17h
  • Sábados: das 7h às 12h

Contatos: (67) 3312-1516 e 98163-1547 (WhatsApp)

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