Brigadista pantaneira desafia o fogo para proteger a Serra do Amolar

O dia começa intenso na casa de Edilaine Nogales de Arruda, 30 anos, pantaneira da Serra do Amolar. Às 6h40, ela já está ao lado do filho de 12 anos, esperando o “barquinho escola” que o leva à aula. Logo em seguida, Edilaine se dedica às atividades que sustentam a família. Pescadora profissional, ela também atua na apicultura e pequenos trabalhos na comunidade, incluindo serviços na pousada do pai.

 Edilaine Nogales de Arruda é uma das brigadistas volunária do Amolar. (Foto: Arquivo pessoal)

A cidade mais próxima, Corumbá, só é visitada uma vez por ano, o acesso é possível apenas de barco. Para Edilaine, a Serra do Amolar é o “bioma mais lindo de se ver”: são 80 km de extensão, a mil metros de altitude, com rica biodiversidade e grande potencial turístico.

Mas a rotina tranquila da família tem sido interrompida pelos incêndios que atingem a região. Em 2020, ano em que as queimadas foram intensas na região, Edilaine atuou como combatente sem experiência, enfrentando medo e sequelas de saúde devido à falta de equipamentos e treinamento.

Hoje, ela faz parte da Brigada Comunitária do Amolar, composta por oito voluntários, sendo quatro deles de sua própria família: pai, esposo, irmã e ela, todos formados como brigadistas. A motivação para o trabalho voluntário é o que Edilaine define como “amor ao nosso lugar”.

A vida na Serra é intensa, mas não totalmente isolada. Com o uso da internet, ela providencia a compra do que precisa, que vai de combustível a suprimentos que chegam via freteira, evitando a longa viagem até a cidade.

Combate – Porém, quando o fogo surge, o combate é feito em condições extremas. Edilaine conta que os brigadistas caminham até 14km por dia, com materiais pesados nas costas, carregados por trilhas íngremes.

Às vezes, temos que carregar materiais nas costas por distâncias longas e chegamos já exaustos para o combate”, relata a pantaneira ao ressaltar que a equipe precisa de um veículo terrestre, de um barco maior e de uma motosserra para abrir aceiros. O risco à saúde é constante.

Sequelas – Em 2020, a falta de equipamentos levou muitos brigadistas a passar mal por inalação de fumaça. Segundo ela, hoje, com a proteção fornecida em parceria com a Ecoa (Ecologia e Ação), a situação melhorou, mas o esforço tem consequência.

Edilaine Arrruda e a irmão atuam no combate aos incêndios. (Foto: Arquivo Pessoal)

No dia da entrevista, Edilaine precisou se afastar do combate devido a dores nas costas e nos pulmões. Enquanto os familiares seguiram para o combate, ela ficou em casa e cuidou das refeições de todos. A assistência médica oficial é rara, e a automedicação é um recurso necessário para voltar à linha de frente.

Fonte:campo Grande News

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