Barreiras de pedra ajudam a conter erosão e água turva no Rio Mimoso em Bonito

Barreiras de pedra estão sendo utilizadas para conter a erosão e recuperar áreas degradadas às margens do Rio Mimoso, em Bonito. A medida faz parte do Projeto Águas de Bonito, que já instalou 16 estruturas ao longo de 20 dos 45 quilômetros do curso d’água.

O objetivo é recuperar áreas em risco e evitar que o município perca uma de suas maiores riquezas: as águas cristalinas que atraem turistas de todo o mundo.

As barreiras reduzem a força da enxurrada e funcionam como filtros naturais, retendo sedimentos que poderiam descer para o rio. Assim, ajudam a evitar o turvamento da água, problema que tem se tornado frequente na região.

“É uma intervenção simples e de baixo impacto. A água perde força, o solo se recompõe e a vegetação volta a crescer, estabilizando a área a longo prazo”, explica o biólogo Fabrício Cecotti, do IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena).

Rio Mimoso, em Bonito, foi um dos mais afetados pelo turvamento das águas. (Foto: Arquivo)

Crise começou em 2018

Segundo Cecotti, o Rio Mimoso foi priorizado porque foi o mais afetado pelo turvamento ocorrido em 2018 e 2019. Rios conhecidos pela transparência, como o Formoso, chegaram a ficar semanas sem recuperar a visibilidade.

Em 2020, um novo episódio de enchentes acendeu o alerta e mobilizou órgãos ambientais, produtores rurais e o Ministério Público. A partir daí, nasceu o Projeto Águas de Bonito, resultado de um termo de cooperação entre o IASB, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e o MPMS (Ministério Público Estadual).

A meta é conter a erosão, recuperar áreas de nascentes e garantir a preservação das águas que são cartão-postal do município.

Estratégia de conservação

A diretora-executiva do IASB, Liliane Lacerda, explica que a primeira fase do projeto foi dedicada ao diagnóstico das áreas críticas, desde as nascentes, para identificar regiões de maior risco — como áreas de declive já desmatadas e utilizadas para agricultura e pecuária.

O mapeamento dividiu os trabalhos em três trechos: alto, médio e baixo Mimoso. A prioridade foi dada às cabeceiras, onde estão os maiores impactos.

Liliane ressalta que cada situação exige uma ação específica.

“Se falta vegetação, o trabalho é repassado para instituições especializadas no plantio de mudas. Se a demanda é de conservação de solo, a Prefeitura de Bonito e o Governo do Estado, por meio do Prosolo, são acionados para fornecer maquinário. E cada ação tem seu período: plantio de mudas na época de chuva, conservação de solo na seca”, detalha.

Ela acrescenta que as barreiras são essenciais, principalmente na região central do rio, onde há maior concentração de pequenas propriedades.

“Já conseguimos atuar em metade do médio Mimoso, mas ainda faltam cerca de 25 km do rio. É um trabalho de longo prazo e que depende também da adesão dos produtores”, reforça.

Resultados e números

De acordo com a diretora, os resultados já podem ser sentidos. Proprietários relatam que, após a instalação das barreiras, as enxurradas perderam força, os rios voltaram a limpar mais rápido e muitas estruturas turísticas deixaram de ser destruídas pelas chuvas.

Apesar dos avanços, a qualidade da água segue sendo monitorada diariamente. Estações meteorológicas foram instaladas para acompanhar o regime de chuvas e sua relação com a turbidez do rio.

Entre 2020 e 2024, o programa percorreu 59 propriedades rurais, somando 13 mil hectares avaliados. Nesse período, foram:

359 hectares de terraços implantados

2 km de estradas adequadas

16 barreiras de pedra construídas em 11 propriedades

16,7 km de cercas erguidas, protegendo 10 nascentes e isolando 133 hectares de mata

Na frente de restauração florestal, já foram plantadas 8 mil mudas nativas e lançados 125 quilos de sementes, recuperando 8,4 hectares no alto e médio Mimoso.

Somente em 2024, os viveiros florestais coletaram 199 toneladas de sementes de 32 espécies, que deram origem a 12 mil novas mudas.

Fonte:Campo Grande News

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