O Pantanal é o bioma brasileiro mais afetado com o aumento de temperaturas decorrente das mudanças climáticas. Em 2024, o bioma registrou um recorde de anomalia, com temperaturas 1,8 oC acima da média. As informações são da plataforma MapsBiomas Brasil, lançada nessa quarta-feira (5). Na próxima segunda-feira (10), a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas acontece no Brasil.
Em 40 anos, entre 1985 e 2024, a temperatura em todo o Brasil tem aumentado, em média, 0,29oC por década. Porém, alguns biomas tiveram um aumento mais acelerado. É o caso do Pantanal, que, localizado na parte mais continental do país, intensificou os níveis de calor em 0,47°C.
O bioma que tem Mato Grosso do Sul como berço é alimentado pelas chuvas na Bacia do Alto Paraguai. O problema é que, em 2024, a precipitação caiu 314 mm em relação à média. Foram 205 dias sem chuva alguma. O clima mais quente e seco favorece a ocorrência de incêndios.
“Os últimos três relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já apontavam estas tendências de aquecimento e de alteração da precipitação. A redução de precipitação tem efeitos importantes, especialmente na Amazônia e no Pantanal”, explica o cientista Paulo Artaxo.
Acordo de Paris
Com o objetivo de combater os efeitos das mudanças climáticas no globo terrestre, a 21ª Conferência das Partes (COP21) de 2015, em Paris, firmou um acordo entre 195 países. A meta é manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e intensificar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A melhor maneira de alcançar essa meta é reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), priorizando o desenvolvimento sustentável.
Em relação a financiamento climático, o Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos deverão investir 100 bilhões de dólares anuais em medidas de combate à mudança do clima. Para países em desenvolvimento, esse valor é para adaptação, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
O aumento de 1,8 oC das temperaturas médias no Pantanal ultrapassa o limite estabelecido pelo Acordo de Paris. Outros biomas também ultrapassam a marca, como a Amazônia e o Cerrado. Há uma década, desde 2014, a temperatura no Brasil tem se mantido acima da média do período de 1985 a 2024.
Cop 30
Falta menos de uma semana para o início da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). Líderes mundiais, ativistas climáticos, cientistas e ONG´s se reúnem em um dos mais importantes encontros mundiais que discute ações para combater as mudanças climáticas anualmente.
Por sua posição estratégica como guardião da maior parte da Amazônia, um bioma crucial para o clima global, o Brasil foi escolhido para sediar o evento. A capital do Pará fica no coração da floresta. A escolha simboliza o olhar para as comunidades locais.
Para o Brasil, é a oportunidade de demonstrar os esforços em energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono. São esperados mais de 40 mil visitantes nos principais dias da conferência, segundo estimativa da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Os principais temas debatidos no encontro são:
1. Redução de emissões de gases de efeito estufa;
2. Adaptação às mudanças climáticas;
3. Financiamento climático para países em desenvolvimento;
4. Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
5. Preservação de florestas e biodiversidade;
6. Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Fonte:MM