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Campo Grande tem a pior qualidade do ar já registrada por causa de incêndios

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Campo Grande registrou na madrugada de ontem o maior índice de concentração de poluentes no ar oficialmente registrado, com 236 microgramas por metro cúbico (µg/m³) à 1h, segundo dados da Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar (QualiAr) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

De acordo com gráfico feito pela estação da UFMS, apenas neste mês, esse já foi o segundo pico de concentração de material particulado (PM, em inglês) com diâmetro de 2,5 micrômetros (µm). O primeiro ocorreu no dia 2, quando a concentração chegou a pouco mais de 200 µg/m³, até então o recorde em Campo Grande.

Segundo Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), professor da UFMS e coordenador da estação, o que tem causado a maior frequência de altos índices de poluição no ar de Campo Grande é a mudança na direção dos ventos causados por frentes frias e que trazem para Mato Grosso do Sul a fumaça de outras regiões do Brasil e até de outros países vizinhos.

“A gente vem passando por um período, principalmente desde agosto, com bastante queimadas no Brasil inteiro, em função desse período de seca, além de estar queimando também em países vizinhos. E a chegada dessas frentes frias, que têm sido frequentes, tem provocado o deslocamento do corredor de ventos, que é um corredor de circulação de ventos que passa pela Amazônia, entra pelo leste do Brasil, ou seja, pela costa, passa pela Amazônia, bate na Cordilheira dos Andes, vem descendo pela Bolívia, passa pelo Paraguai e chega ao sul do País”, explicou o professor.

“A entrada de frentes frias nesse corredor de ventos direciona esse corredor para Mato Grosso do Sul, pegando principalmente a região oeste de MS, chegando a atingir Campo Grande”, completou Fernandes.

Com a chegada da fumaça durante a madrugada desta terça-feira, a cidade chegou a atingir o nível péssimo de qualidade do ar, o pior da escala monitorada pela QualiAr.

“Como onde está passando esse corredor está queimando constantemente, Amazônia, Mato Grosso e Bolívia, essas regiões estão emitindo bastante poluição para a atmosfera, emitindo bastante partículas, bastante gases, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, entre outros, então, esses poluentes acabam chegando até a nossa região e causando a piora da qualidade do ar”, disse o pesquisador.

Ainda conforme Widinei Fernandes, enquanto houver incêndios florestais nessas regiões por onde essa corrente do ar passa, a Capital continuará sendo afetada pelo ar carregado de poluentes.

Apesar do pico de ontem, o pior mês já registrado até agora foi setembro, quando, conforme os dados da QualiAr, houve apenas cinco dias em que a qualidade foi boa.

“Em setembro, por exemplo, nós só tivemos cinco dias com qualidade do ar boa, todo o restante foi no mínimo moderada, e parece que isso vai se perdurar por outubro. Nós tivemos condições de muito ruim em Campo Grande em 2021, em 2022, em 2023 só tivemos condição ruim, mas em 2024 é um caso atípico, nossa qualidade do ar está muito ruim”, declarou o pesquisador.

Saiba

O professor doutor Widinei Alves Fernandes orienta que a partir da qualidade do ar muito ruim já se deve usar máscara N95, que retém as partículas de poluição que podem causar problemas respiratórios.

 

Fonte:CE

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