O Mpox tem causado preocupação a nível internacional após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado emergência de saúde pública na África com mais de 15 mil casos apenas na República Democrática do Congo. No Brasil já foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis da doença. Embora o número seja bem menor que os 10 mil casos notificados em 2022 e não tenha sido registrado casos da nova variante, as autoridades de saúde já acendem um alerta para a doença com a atualização de recomendações e elaboração de plano de contingência para a doença. Desde a metade de agosto, o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar as ações. Mas o que é o mpox, quais são seus sintomas e como se prevenir e tratar da doença?
O Mpox é uma doença zoonótica viral, ou seja, em que o vírus é transmitido dos animais para os seres humanos. Porém, o contágio também acontece de pessoa para pessoa. A doença foi relatada pela primeira vez em 1970 e supõe-se que o vírus foi transmitido aos seres humanos através do contato ou ingestão de roedores contaminados.
Embora o vírus esteja presente há anos, a grande preocupação diz respeito à nova variante (clado 1b). “Ela é mais transmissível e apresenta maior taxa de casos moderados a graves e maior mortalidade em relação a variante responsável pelo surto de 2022 no Brasil. Além disso, essa variante está afetando principalmente as crianças”, afirma a infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Vanessa Truda.
Entre os sintomas mais frequentes estão erupções cutâneas, febre, linfonodomegalia, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza. Pode haver um número variável de lesões de pele que podem ocorrer em qualquer parte do corpo, incluindo regiões genital e anal, e que podem ser levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado. Também podem formar crostas, que secam e caem. “Os sinais e sintomas podem ser percebidos no período de 3 a 21 dias após o contato com o vírus. A transmissão da Mpox ocorre desde o surgimento dos primeiros sinais e sintomas até que todas as lesões na pele tenham cicatrizado completamente”, explica a médica.
A transmissão pode ocorrer pelo contato direto pessoa a pessoa e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. O contato com erupções e lesões na pele e com fluidos corporais (como pus e sangue das lesões) de uma pessoa infectada é a principal forma de transmissão. “Também pode haver transmissão pelo contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama, ou objetos como utensílios e pratos. Pode ser transmitida também por alguns animais através de mordidas, arranhões e ingesta de carne”, complementa.
A especialista ainda oferece algumas dicas importantes para se prevenir da doença, como evitar contato direto com pessoas com suspeita ou confirmação da doença e não compartilhar qualquer tipo de objeto pessoal, higienizar bem as mãos, utilizar luvas, máscaras, avental e óculos de proteção caso o contato seja necessário e tomar a vacina. “Pessoas com suspeita ou confirmação da doença devem cumprir isolamento imediato”, destaca.
De modo geral, a doença apresenta um período de incubação (de 3 a 21 dias), o tempo entre o contato e o surgimento dos primeiros sintomas; o período de início dos sintomas (entre o 7º e o 17º dia após o contágio), em que é comum o paciente sentir febre alta, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor nos gânglios do pescoço, axilas e virilhas; e o período do surgimento de lesões na pele, principalmente na cabeça, nariz, testa, mão, pé e genitais, que acontecem três dias após o início dos sintomas. “Em alguns casos, pode ocorrer uma disseminação descontrolada vírus, provocando uma intensa resposta inflamatória e imunológica, com acometimento de órgãos e sistemas, podendo ocorrer o óbito”, alerta.
Segundo a médica, o mais importante nesse momento em que a nova variante ainda não chegou ao Brasil é investir em métodos de prevenção, focando principalmente na produção de vacina para pessoas dos grupos de risco, além da realização do diagnóstico precoce para isolamento dos doentes. “É essencial evitar a disseminação através de treinamento de profissionais diagnóstico clínico e disponibilização de testes diagnósticos”, finaliza.
Fonte: treecomunicação