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MS, terra de oportunidades e qualidade de vida

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Mato Grosso do Sul completou 45 anos. Nas últimas quatro décadas, a emancipação político-administrativa do estado de Mato Grosso, assinada pelo presidente general Ernesto Geisel em 1977, por meio da Lei Complementar nº 31, de 11 de outubro, resultou em um local de oportunidades, desenvolvimento e qualidade de vida.

À reportagem, a gestora de eventos Wânia Colman, 44 anos, relatou que ela e seu irmão gêmeo, Wagney, são os primeiros sul-mato-grossenses da família. A campo-grandense, que completa no mês de dezembro a mesma idade do Estado, salientou que nunca pensou em ir embora de MS.

“Aqui temos o que muitos almejam, como segurança e contato com a natureza. Claro que ainda falta muita coisa, mas Mato Grosso do Sul está em desenvolvimento e estamos localizados em uma posição geográfica que possibilita que grandes empresas se instalem aqui, e com isso vem as melhorias e o crescimento”, disse Wânia.

A gestora reitera que sente muito orgulho de ter nascido em um Estado rico em vários aspectos e que valoriza principalmente esse contato com a natureza.

“Temos cenários maravilhosos em MS, como a cidade de Bonito e o Pantanal. Mesmo com o crescimento e o desenvolvimento, continuamos com características interioranas, as pessoas têm o ritmo de vida desacelerado aqui, é possível sentar em frente a sua casa e tomar um tereré com o vizinho sem medo”, salientou.

Nascida em Aparecida do Taboado, a funcionária pública e empreendedora Valéria Alves da Costa, 44 anos, relatou que, durante o seu crescimento no novo estado, pôde acompanhar a evolução do sistema de saúde e das ofertas de emprego e oportunidades, principalmente para a população do interior de MS.

“Sou a primeira sul-mato-grossense da família, e, depois da divisão dos estados, vemos que os recursos chegam nas cidades menores, como Aparecida do Taboado. Eu vejo a evolução na infraestrutura, vejo as oportunidades se criando; quando converso com pessoas mais velhas, elas relatam como era difícil chegar à capital, em Cuiabá, por ser um estado muito grande”, reiterou.

Valéria destacou ainda que foi ótimo construir sua vida em um novo estado, com as oportunidades surgindo após a emancipação de Mato Grosso.

“Fomos formando nossa vida e nossos trabalhos. Muita gente de fora veio para cá, e, como todo lugar, tivemos que lidar com desafios, mas a qualidade de vida aqui ainda é excelente”, afirmou.

CONTEXTO POLÍTICO

Conforme o historiador Roberto Figueiredo, a criação de Mato Grosso do Sul foi muito benéfica, pois havia, à época, uma dificuldade do governo de Mato Grosso em administrar os municípios ao sul, considerados, inclusive, os mais prósperos e economicamente estruturados.

“Na questão urbana, as cidades tiveram um olhar administrativo mais forte e um grande desenvolvimento econômico e turístico”, reiterou Figueiredo. A divisão dos estados só foi concretizada efetivamente em 1º de janeiro de 1979.

O historiador destaca que a divisão de Mato Grosso e a criação de Mato Grosso do Sul não passaram por uma consulta popular ou um plebiscito pelo contexto político da época, que ainda estava sob o regime da ditadura militar.

“Os fortes nomes da política local tinham um acesso ao poder militar, mas não chegaram, por exemplo, a um consenso sobre o primeiro governador, que acabou sendo alguém de fora [o gaúcho Harry Amorim Costa], que nunca tinha tido relações com o novo estado”, afirmou Figueiredo.

Segundo o historiador, existem rumores de que a criação de MS seria uma forma de o governo militar aumentar sua bancada para a eleição do general Figueiredo, que foi o próximo após Geisel.

“O que temos de certo é que Mato Grosso do Sul foi criado em um momento em que não se tinha um grande movimento diversionista em pauta”, afirmou.

IDENTIDADE

Mato Grosso do Sul faz divisa com cinco estados, Goiás, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Mato Grosso, além de dividir uma extensa faixa de fronteira com dois países da América do Sul, Bolívia e Paraguai.

O historiador Roberto Figueiredo destacou que os diferentes sotaques e origens são responsáveis pela identidade plural de MS.

“Reforço uma frase da saudosa professora Glorinha, que disse que nós somos um povo que mistura tudo, gaúchos, mineiros, japoneses, paraguaios, bolivianos, nordestinos e árabes. É essa mistura que faz a nossa identidade cultural. Temos tantos outros povos que é impossível definir um só prato típico de MS, uma só dança ou uma só matriz cultural”, destacou.

Em entrevista ao Correio do Estado no mês de agosto, o cônsul honorário do Líbano, Eid Anbar, destacou que 10% da população de Mato Grosso do Sul é de libaneses e descendentes.

“Onde temos mais libaneses é no estado de São Paulo, mas aqui não ficamos muito atrás. Depois começaram a vir outras pessoas daquela região para MS, os palestinos e os sírios. É um povo que se expandiu muito no comércio, tem forte atuação na política do Estado, na medicina, em todas as áreas em que começaram a atuar”, relatou.

TERRA DE OPORTUNIDADE

A criação de Mato Grosso do Sul desencadeou um amplo processo migratório dos estados vizinhos para MS, considerada como a nova terra de oportunidades e prosperidade.

Este é o caso de Lindolfo Leopoldo Martin, de 69 anos, nascido no interior do Rio Grande do Sul, mas criado no interior do Paraná: o gaúcho de nascença escolheu Campo Grande para criar seu primeiro negócio.

Em entrevista ao Correio do Estado em agosto deste ano, Martin relatou que, com o apoio financeiro do pai, que já cuidava de um empreendimento em Maringá, decidiu se mudar para o recém-nascido estado de Mato Grosso do Sul, em busca de melhores oportunidades.

Foi assim que fundou a Multicasa, em 1978. Seis anos depois, em 1984, deu início a Multicoisas, empresa que hoje tem mais de 200 lojas franquiadas espalhadas por todo o País.

“Eu escolhi Campo Grande porque tinham acabado de dividir os estados, era início de 1978 e era um Estado que tinha oportunidade. Como todo bom aventureiro, eu escolhi um estado novo, que tinha tudo para ser feito. Em fevereiro de 1978, eu cheguei aqui na Capital e nunca me esqueço que fui muito abençoado nessa trajetória”, salientou o empresário.

Conforme o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o fluxo migratório de pessoas de outros estados para MS até o ano de 2010 considerando a população da época, de 2,4 milhões de habitantes contava com 12.174 moradores que nasceram na Região Norte do Brasil.

Da Região Nordeste, 108.556 pessoas optaram por morar em MS, 267.411 vieram da Região Sudeste, 174.872 da Região Sul e 14.679 são estrangeiros. Conforme o IBGE, 1.860.884 pessoas que residem em MS têm como origem a Região Centro-Oeste.

Estimativa de 2021 aponta que MS possui atualmente uma população de 2,8 milhões de habitantes. Desde a crianção do Estado, em 1977, foram fundados novos 24 municípios em Mato Grosso do Sul.

Atualmente MS conta com 79 cidades, distribuídas em uma área territorial de 357 mil quilômetros quadrados.

Fonte:CE

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